Mateus Coutinho, Julia Affonso e Ricardo Brandt Estadão
Em depoimento à Polícia Federal no dia 24 de fevereiro, o presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Júnior, preso na Operação Acarajé, disse que o dono do grupo, Marcelo Odebrecht ficou “indignado” com a fala de Dilma sobre o financiamento do Porto de Mariel, em Cuba, durante debate eleitoral em 2014.
Ainda segundo o executivo, Marcelo Odebrecht cogitou acionar Andréa, irmã do então candidato tucano Aécio Neves, para “prestar os devidos esclarecimentos”.
“Marcelo ficou indignado com afirmação feita pela Presidente sobre o fornecimento de garantias em obras internacionais e cogitou que fosse acionada a irmã de Aécio Neves para que fossem prestados os devidos esclarecimentos, a fim de mostras que a afirmativa da presidente no debate era falsa’, afirmou o executivo aos investigadore
ALGO A ACRESCENTAR
Benedicto decidiu citar o episódio ao final de seu depoimento, quando o delegado indagou se ele teria algo a acrescentar. O executivo, então, explicou algumas das trocas de mensagens de celular que manteve com Odebrecht e que foram interceptadas pela Polícia Federal e serviram de base para 23ª fase da Lava Jato.
Em um dos diálogos, durante o debate do segundo turno entre Dilma e Aécio no dia 24 de outubro, Marcelo Odebrecht manifesta a Benedicto sua indignação. “Ela (Dilma) está mentindo. Passe um torpedo para a irmã (do Aécio). O financiamento e as garantias são do governo de Cuba. Aliás melhor deixar quieto, vai que ela mostra seu torpedo para alguém lá!”, disse o dono da Odebrecht. Até então, não se sabia que a “irmã” na mensagem seria uma parente do tucano.
POLÍTICOS E PARENTES
É a primeira vez que um executivo da empreiteira identifica políticos e parentes nos diálogos mantidos com Marcelo Odebrecht. À PF, contudo, Benedicto não deixa claro qual seria a irmã do tucano, já que Aécio tem duas. Para os investigadores da Lava Jato, o executivo seria o nome acionado por Marcelo Odebrecht “para a tratativa de assuntos escusos”, diz a Polícia Federal no relatório que embasou a 23ª fase da Lava Jato.
Em sua delação premiada, o senador e ex-líder do governo no Senado Delícidio Amaral (sem partido-MS) afirmou que a irmã mais velha de Aécio, Andréa Neves e a “mentora infelectual” do tucano e que “estava por trás” do governo de Minas nas gestões do hoje senador mineiro. Ela ficou conhecida por coordenar a área de comunicação e assessoria de imprensa do governo do irmão em Minas.
PORTO DE MARIEL
Localizado a 45 quilômetros de Havana, capital de Cuba, o porto de Mariel é a grande aposta do país de regime comunista para mudar sua economia. Custou US$ 957 milhões e, deste total, US$ 682 milhões foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Da quantia financiada pelo BNDES para a construção de Mariel, pelo menos US$ 802 milhões seriam gastos no Brasil na compra de bens e serviços comprovadamente brasileiros, de acordo com informações do governo. Por causa desse acordo, empresas brasileiras se dispuseram a participar do empreendimento, mediante a exportação dos serviços que prestam e dos bens fabricados no Brasil.
EXTRAÍDADETRIBUNDAINTERNET
0 comments:
Postar um comentário