Com Blog do Josias, UOL
Aos pouquinhos, as cartas redigidas no bunker carcerário de Curitiba vão
transformando a participação do PT na sucessão de 2018 num enredo de
fazer inveja a Lewis Carrol. No País das Maravilhas de Lula, o papel de
Alice esta reservado à Justiça Eleitoral.
Em sua penúltima carta, o prisioneiro petista inventou uma ‘fake chapa’.
Nela, nada corresponde à realidade. Mas quem ousa constatar que Lula
aprisionou seu partido num universo de fantasia é tachado de “golpista”
ou acusado de patrocinar uma “perseguição judicial”.
“O presidente Lula pediu que eu convidasse o PCdoB para integrar a sua
chapa, […] indicando a Manuela D’Ávila para ser candidata a
vice-presidente”, disse a dirigente petista Gleisi Hoffmann, no início
da madrugada desta segunda-feira. “Decidimos também colocar como
candidato a vice, nesse momento, o companheiro Fernando Haddad”.
Quer dizer: Lula é candidato à Presidência do país da fantasia. Mas sua
foto não estará na urna, pois a Lei da Ficha Limpa proíbe que corruptos
de segundo grau disputem eleições. Manuela foi convidada para ocupar a
vice. Aceitou. Mas o PT informará ao TSE, nesta segunda-feira, que o
vice de Lula é Haddad. Por quê? Alguém precisa representar Lula na
campanha ''enquanto a situação judicial não se regulariza'', disse
Gleisi. Melhor que seja “um companheiro petista”.
É como se Lula enxergasse uma Alice em cada ministro do Tribunal
Superior Eleitoral. Enfiado nos sapatos da Rainha criada por Lewis
Carrol, o condenado petista ordena ao seu partido: “Cortem-lhes as
cabeças, para que não vejam minha ficha suja.” Mas a Justiça Eleitoral
logo desafiará o petismo, restabelecendo a realidade: “Vocês não passam
de um baralho de cartas.”
A isso foi reduzido o PT: um baralho de cartas. No mundo real, Lula é um
corrupto inelegível, Haddad é um poste e Manuela será sua vice. A
margem de manobra da chapa Haddad-Manuela cresce na proporção direta da
diminuição do prazo de validade da fantasia concebida no bunker
carcerário.
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