Com Blog do Noblat - O Globo
Quatro líderes de partidos importantes, ouvidos, ontem, por este blog,
coincidiram no diagnóstico: a aprovação do impeachment de Dilma na
Câmara depende, no momento, da definição do voto de cerca de 40
deputados, a maioria deles do Partido Popular (PP), Partido da República
(PR) e Partido da Social Democrático (PSD).
O impeachment será aprovado com folga pela Comissão Especial da Câmara.
Ali, o governo já jogou a toalha. Espera reunir, apenas, 25 de um total
de 65 votos. O governo admite que a oposição terá mais votos para
aprovar o impeachment no plenário da Câmara. Só está empenhado em
impedir que ela atraia 342 ou mais dos 513 votos possíveis .
Daí a “Operação Varejão”, deflagrada pelo governo atrás de 172 votos de
deputados capazes de barrar o impeachment. Os escrúpulos, que sempre
foram poucos, deixaram simplesmente de existir. Vale tudo por um voto –
cargos, liberação de emendas de parlamentares ao Orçamento da União,
favores inomináveis, sinecuras a dar com o pau.
O PP, por exemplo, conta com 49 deputados e já controla o Ministério da
Integração Nacional com Gilberto Occhi. Mas ele será trocado, em breve,
pelo deputado Cacá Leão (PP-BA), filho de João Leão (PP),
vice-governador da Bahia e amigo de Jaques Wagner, atual chefe do
Gabinete Pessoal da presidente Dilma. Occhi enfrenta problemas de saúde.
O governo ofereceu mais um ministério ao PP: o da Saúde. É o maior
orçamento da Esplanada dos Ministérios, mas não tem dinheiro nem mesmo
paga pagar as despesas do SUS. A presidência da Caixa Econômica Federal
também foi oferecida ao PP. Que ficou de responder na segundo semana de
abril, tão logo a Comissão Especial vote o impeachment.
O PP tem um problema: é o partido com maior número de deputados
investigados pela Lava-Jato – 32, cinco dos quais já denunciados por
corrupção ao Supremo Tribunal Federal. Mais da metade deles diz que
votará pela aprovação do impeachment porque não quer arrumar confusão
com suas bases eleitorais. Será? A conferir.
O PR do mensaleiro Valdemar Costa Neto, indultado há pouco pela Justiça,
está à caça de mais cargos no governo. Não terá dificuldade de
conseguir. Ocorre que quase dois terços dos seus deputados tende mesmo
assim a votar a favor da saída de Dilma, que evita conversar
pessoalmente com Costa Neto porque pegaria mal. Mande emissários ao
encontro dele.
O PDS liberou seus deputados para votarem como quiser. E o ministro de
Cidades, Gilberto Kassab (PDS-SP), deverá renunciar ao cargo na próxima
semana. Governo e oposição disputam os votos do PDS. Há deputados, ali,
que negociarão seu apoio a um lado e ao outro até o dia da votação do
impeachment no plenário da Câmara.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, acertou com líderes de
partidos o calendário das votações do impeachment. Ele será votado pela
Comissão Especial no próximo dia 11, uma segunda-feira. E pelo plenário a
partir da sexta-feira dia 15. No plenário, a votação deverá se estender
por três dias. Cada deputado terá um minuto para justificar seu voto.
Foi o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), do Distrito Federal, que
pediu a Cunha para só votar o impeachment no final da semana. Razões de
segurança. A Polícia Militar do Distrito Federal estima que entre 200
mil a 300 mil pessoas mobilizadas pela oposição e pelo governo acamparão
diante do prédio do Congresso à espera do resultado da votação.
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