Henrique Meirelles: Folha de São Paulo
Investidores, empresários e analistas internacionais com quem encontrei
em viagem ao exterior na semana passada mostraram enorme interesse pelo
que está acontecendo no Brasil e, principalmente, pelo que está por vir.
Parte da queda significativa do investimento que ocorre desde 2014 está
associada às decisões desses agentes, em função da sua preocupação com
os rumos de nossa economia nos últimos anos.
O mercado internacional cumprirá papel fundamental na retomada da
economia brasileira, seja via investimento direto das empresas
internacionais, seja via aquisição no mercado doméstico de ações e
títulos de empresas brasileiras, seja reabrindo as praças financeiras
internacionais às empresas locais.
A conclusão da viagem é que o interesse no futuro do Brasil é enorme e a
volta dos investimentos é possível e provável, desde que as condições
voltem a ser adequadas.
O melhor propulsor dessa retomada será a reversão do enorme ceticismo,
com uma sinalização clara e factível de que o país equacionará de forma
decisiva o seu desequilíbrio fiscal e voltará a ter regras estáveis e
previsíveis aos investimentos, melhorando o ambiente de negócios.
Quando se toma uma decisão de investimento de longo prazo em qualquer
setor, é imprescindível ter confiança na estabilidade macroeconômica e
na manutenção de regras claras e racionais. Todo gestor de investimentos
tem que levar em conta o retorno previsto numa determinada operação e a
probabilidade de que essa previsão se concretize efetivamente.
Instabilidade macroeconômica e mudanças constantes e arbitrárias no
arcabouço regulatório elevam a incerteza e inibem as decisões dos
gestores, que devem prestar contas aos investidores que lhes confiaram a
gestão dos seus recursos.
O fluxo de recursos ao Brasil pode ser retomado com um modelo econômico
sustentável e um conjunto de reformas pró-crescimento já discutidas
aqui. Os recursos chegarão não só pelo aumento no investimento
estrangeiro direto nas operações brasileiras das empresas globais, mas
também por meio da Bolsa e do mercado de capitais doméstico e
internacional. Essas fontes de recursos são indispensáveis para as
empresas voltarem a contratar, recompor estoques, construir fábricas e,
chave para a competitividade do país, investir em produtividade.
O cenário mundial ainda é de alta liquidez de recursos, e só compete a
nós colocarmos a casa em ordem para podermos voltar a usufruir dessa
abundância, que não durará muito tempo. O Banco Central dos EUA já
sinaliza que deve retomar, de forma gradual, o processo de enxugamento
da liquidez excessiva. A janela de oportunidade que temos se fechará
progressivamente. Não podemos continuar a desperdiçá-la.
extraídaderota2014blogspot
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