Igor Gielow: Folha de São Paulo
O tempo corre contra Michel Temer, político analógico em uma era
digital. O virtual presidente do Brasil é dado a conversas para formação
de consensos, mas a pressão das duas semanas que tem para montar seu
gabinete até o hoje certo afastamento de Dilma sugere um risco aumentado
de erros.
E errar é tudo o que o peemedebista não poderá se quiser atravessar o
estreito de Messina da política brasileira até 2018 sem ver seu barco
tragado pelos monstros que margeiam o caminho. Emplacar uma agenda
crível para seus primeiros meses na cadeira, especialmente se Dilma
cumprir a promessa de resistir até o fim de seu julgamento no Senado, é a
condição básica para a empreitada.
O nó para Temer é afiançar a ideia de que em sua embarcação cabe uma
tripulação que terá o que ganhar. Em favor do vice estão a terra
arrasada vigente e a baixa expectativa sobre seu provável
mandato-tampão: é fácil faturar em cima de base zero.
É sobre isso que tucanos e figuras como Henrique Meirelles, que neste
sábado apresenta suas credenciais, debatem agora. É um dilema e tanto,
já que um fracasso de Temer implica o naufrágio coletivo e uma vitória,
contudo, não é garantia do proveito da melhor parte do butim.
O pedaço da ciclovia Tim Maia arrancado por uma onda é símbolo eloquente
da miséria da gestão pública do Brasil. Obra malfeita por empresa da
família de uma autoridade municipal, a pista já parecia a olhos leigos
uma intervenção frágil e alienígena numa paisagem deslumbrante.
A essa impressão soma-se a certeza da tragédia, adicionando a morte de
inocentes ao legado da Rio-2016. Se o prefeito Eduardo Paes é mesmo a
grande esperança de renovação dos quadros de um PMDB à beira de
conquistar a Presidência de vez, é o caso de citar seu xará e
correligionário Cunha e rogar a misericórdia divina para a nação.
extraídaderota2014blogspot
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