por Antonio Risério Com Blog do Noblat - O Globo
Quando vi imagens de uma manifestação contra o “golpe” em Nova York, não
resisti e comentei com meus botões: deve ser o pessoal que faz compras
na 25 de março... brasileirinhos bem alimentados em defesa da senhora
Rousseff, corajosa-e-honesta representante de nossa “elite branca”, para
falar nos termos da antropologia lulista.
Não entendo, aliás, a razão dos petistas insistirem tanto nesse elogio:
corajosa-e-honesta. Estas palavras não querem dizer nada politicamente,
quando usadas fora de contexto. Afinal, Hitler era corajoso e honesto.
Quanto à senhora Rousseff, especialista em tentar tapar o sol com a
peneira, melhor pôr em dúvida pelo menos um dos adjetivos. Honesta,
mas... faz vista grossa à corrupção, acoberta malfeitores e se beneficia
pessoalmente da situação, canalizando propinas para permanecer no
poder, segundo delações marqueteiras que não surpreenderam ninguém com
algum conhecimento do assunto.
Um adjetivo, no entanto, qualifica sem ressalvas a senhora Rousseff. Ela
é mentirosa. Vimos isso na campanha eleitoral de 2010, quando ela
definiu, entre suas quatro prioridades, a realização de uma grande
reforma urbana nacional – e, depois de eleita, fez de conta que não
tinha nada a ver com o assunto. A verdade é que Dilma entrou em cena
mentindo – e vai sair do mesmo modo. Todos se lembram de que ela enfiou
em seu currículo um doutorado na Unicamp, que nunca chegou a
concretizar. E, sempre que se vê em algum perigo político, a dama
indigna acusa os adversários de estarem se preparando para extinguir
seus “programas sociais”.
A campanha presidencial de 2014, espetacularmente mentirosa, foi pura
delinquência. Dilma promoveu ataques criminosos a Marina, personalidade
realmente digna da recente história política do Brasil. E dizia que, se
um de seus adversários fosse eleito, baixaria medidas “contra o povo
brasileiro” – exatamente as medidas que ela começou a colocar em
prática, assim que tomou posse.
Mas sua mentira mais duradoura é dizer que, durante a ditadura militar,
lutou pela democracia. Ela nunca fez isso. Foi militante de uma
organização clandestina – a Polop – que, em sua pregação
“marxista-leninista”, considerava a democracia uma coisa burguesa. Dilma
defendia, então, que era preciso substituir a “ditadura dos patrões”
(como os polopianos discursavam nas passeatas da década de 1960) pela
ditadura do proletariado. Democracia, nem pensar. Mas ela finge que foi
democrata. E prosseguirá mentindo por toda a eternidade.
extraidaderota2014blogspot
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