Marcelo Rocha - IstoE
Para conspirar a favor de Dilma, Lula aluga uma suntuosa suíte de um hotel em Brasília, mas não revela quem está bancando as despesas
Nas últimas semanas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se
dedicado a uma atividade pouco republicana: evitar a queda da presidente
Dilma Rousseff, aprovada pela Câmara dos Deputados e amparada em
preceitos constitucionais. Em sua sanha desesperada, Lula reúne-se com
velhos camaradas, conspira ao lado de integrantes relutantes do governo,
urde tramas mirabolantes para conter o naufrágio do projeto petista. Na
esperança de que as tramoias surtam algum efeito, Lula se aboletou no
Royal Tulip, hotel localizado a menos de 1 km do Palácio do Alvorada, a
residência oficial de Dilma.
Por si só, a proximidade com o Alvorada é uma afronta ao processo de
impeachment. Afinal, apenas alguns poucos metros separam o comando da
nação de um QG que tem o objetivo de buscar apoio, de forma nem sempre
republicana. Mas há outro motivo que causa ainda mais indignação. Lula e
seus asseclas têm gastado uma pequena fortuna para manter o aparato.
Quem paga essa conta?
De acordo com informações obtidas por ISTOÉ junto a funcionários do
hotel, desde que Lula se instalou no Tulip, há pouco mais de um mês, as
despesas superam R$ 800 mil. Apenas a unidade que Lula ocupa tem 76 m².
Ela conta com quarto e sala separados e varandas com vista para o Lago
Paranoá e a piscina.
Na antessala, uma suntuosa mesa de reuniões para 6 pessoas é o lugar
preferido para os conchavos entre petistas. Além da suíte presidencial
de Lula, outras três acomodações são ocupadas por sua entourage. A turma
toda, composta por mais de uma dezena de pessoas, entre assessores,
seguranças e companheiros petistas, faz todas as refeições no local,
elevando a conta em alguns milhares de reais.
Não foi esclarecida a origem do dinheiro para bancar essa gastança. A
história é nebulosa. Procurado por ISTOÉ, o Instituto Lula recusou-se a
responder sobre os gastos com a hospedagem. Já o Royal Tulip declarou
que não fornece informações sobre hóspedes. Como nos finais de semana
Lula vem para São Paulo, há despesas também com o deslocamento aéreo em
jatinhos particulares.
Durante muito tempo, Lula usou a aeronave privada de Walfrido dos Mares
Guia, um dos seus ex-ministros, para fazer deslocamentos Brasil afora.
Há alguns dias, Mares Guia negou que, na última semana, tenha cedido a
aeronave. Para ir conspirar em Brasília, em pelo menos duas ocasiões
Lula viajou a bordo de um Cessna prefixo PR-LFT. A aeronave está
registrada em nome da Global, empresa de táxi aéreo. A Global não
divulga detalhes de seus negócios. ISTOÉ apurou que um voo de ida e
volta entre São Paulo e a capital do País a bordo de um jatinho tipo
Cessna custa cerca de R$ 40 mil.
Lula tomou uma série de medidas para não deixar rastros de sua operação
em Brasília. Escaldado por experiências anteriores, mandou cobrir as
câmeras de vigilância do andar de sua suíte. Ele certamente se lembrou
do episódio com José Dirceu, que, às vésperas de ser preso, também
montou um QG em um hotel brasiliense para receber ministros e diretores
da Petrobras. Cenas dos encontros foram gravadas pelas câmeras de
segurança, e imagens constrangedoras acabaram exibidas na TV.
Na semana mais intensa de sua estadia, a que antecedeu a votação do
impeachment, Lula proibiu que os visitantes fossem encontrá-lo com
celulares. É que ele tinha aprendido outra valiosa lição. O senador
Delcídio do Amaral acabou preso depois de ter uma conversa sua gravada
por um aparelho de celular, na qual discutia um plano de fuga do Brasil
do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
As restrições impostas por Lula incomodam outros hóspedes do Tulip, que
não admitem ter sua segurança comprometida pela ausência de câmeras e
pela presença ostensiva de leões de chácaras petistas. Alguns deles
ficam circulando no lobby do hotel para monitorar a movimentação de
curiosos.
Fotos: Pedro Ladeira/Folhapress; José Cruz/ABr; Divulgação
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