Heron Guimarães O Tempo
Como Dilma vai sair desta enrascada em que ela e seu partido se meteram? A cada dia, o quadro político da presidente se agrava mais, e as condições de se manter no cargo vão ficando precaríssimas. Ao que tudo indica, ela e o PT não têm mais o controle de absolutamente nada, e reverter essa situação parece missão impossível. Digo que apenas parece porque, em 2005, no auge do mensalão, todos davam como certa a saída de Lula.
Mas, desta vez, além de ela não gozar da popularidade que Lula tinha na época, os elementos envolvidos nas tramas de infinitos casos de corrupção são de uma gravidade sem proporções, o que torna complicado fazer qualquer tipo de comparação com o escândalo de dez anos atrás, que culminou com a prisão do “guerreiro” José Dirceu.
Para Lula, funcionou a desculpa de que nada sabia, mesmo porque o delator, no caso, Roberto Jefferson, além de o preservar, parecia mais “louco”. Agora, são outros quinhentos. Quem está falando são os maiores empresários do Brasil, amigos pessoais de Lula, empreiteiros de laços fortes com o governo e um senador, líder do próprio governo, que, até terça-feira passada, ainda era tido como reserva ética de um partido quase abatido.
IMPEACHMENT
Para Dilma, então, fica difícil se safar de todos os corruptos e corruptores de tão “alto gabarito” que estão ao seu redor. Depois de ter passado algumas quinzenas em stand-by, o impeachment é novamente a sua sombra, acompanhando-a onde quer que esteja.
Os novos ocorridos, dentre eles a prisão de Delcídio do Amaral e a declaração da construtora Andrade Gutierrez, acabam por inviabilizar completamente o PT e, por consequência, Dilma Rousseff. A nação está, e permanecerá, sem comando até um acontecimento mais drástico. Se for pela lógica, o impedimento da presidente é inevitável.
Há de se imaginar que Dilma, com os seus botões, já pensa em tal possibilidade. Para ela, o mar de lama em que está atolada até o pescoço é a própria saída honrosa de que precisa, pois ainda pode, se tiver coragem, fazer um bem enorme para o país e não arruinar completamente a sua biografia.
RENÚNCIA PROGRAMADA
Ao invés de aguardar as intempéries de um também moribundo Eduardo Cunha, ela poderia se antecipar. Dilma, em um ato de grandeza, poderia negociar com a população uma renúncia programada. Nesse meio-termo, ela mesma colocaria em discussão todas as reformas e os entraves de que o nosso sistema político padece. Dessa forma, teria condições de impor uma agenda substancial que se transformaria em um plano de salvação do país.
Utópico, mas, talvez assim, ela mais do que escaparia da degola. Teria em suas páginas na história um desfecho menos aviltante.
extraídadetribunadainternet
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