editorial de O Globo
A atuação de facções criminosas em todo o país levou a violência a um outro patamar. Prova disso são os atos de terror que sacodem o Ceará desde 2 de janeiro. Na última sexta-feira, décimo dia de violência, já se contabilizavam cerca de 190 ataques em pelo menos 43 das 184 cidades do estado, incluindo a capital, Fortaleza.
Nesse período, ônibus e carros particulares foram incendiados, prédios públicos e particulares atacados, um viaduto teve um pilar danificado por uso de explosivos, lojas comerciais fecharam, o número de ônibus em circulação caiu drasticamente, e serviços públicos, como coleta de lixo e fornecimento de energia, já sofrem interrupções. A ocupação da rede hoteleira registra queda de 15%.
Apesar da presença de cerca de 400 homens da Força Nacional, enviados pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, a pedido do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), a população ainda está com medo de sair às ruas. Segundo as autoridades, os ataques estão sendo comandados de dentro dos presídios, em represália ao titular da recém-criada Secretaria de Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque.
Ele anunciou o fim da divisão dos presos por facção e impôs medidas como a proibição à entrada de celulares nas unidades. Chefes do PCC e do Comando Vermelho teriam feito uma improvável aliança para tentar inviabilizar as normas.
Desde o início dos ataques, mais de 200 pessoas foram detidas. Nos últimos dias, 35 presos ligados a facções criminosas, e acusados de comandar as ações, foram transferidos para o presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Mas as medidas não têm sido suficientes para conter os distúrbios.
Os ataques no Ceará não são o primeiro caso desse tipo no país. Em 2017, fatos semelhantes abalaram Santa Catarina. No ano passado, os atos de terror assustaram moradores de Roraima. Em comum, o fato de todos esses atentados terem sido comandados por chefes de facções, de dentro dos presídios.
Sobre a mesa de Moro, encontram-se pedidos dos governadores do Pará, Helder Barbalho (MDB), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), para que a Força Nacional reforce a segurança em seus estados, que também vivem uma crise na segurança.
Tudo isso mostra o acerto da criação do superministério da Justiça e Segurança, sob o comando de Moro. A União precisava assumir o protagonismo nessa área essencial, diante de um inédito avanço da criminalidade, em que quadrilhas cada vez mais letais espalham o terror por todo o país e até em nações vizinhas.
Para enfrentar esse mal, não há outra saída, a não ser o trabalho conjunto entre governo federal e estados, de modo a impedir que a barbárie imposta pelas facções prevaleça.
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