Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

E agora? Contas da campanha de Skaf não registram a doação da Odebrecht

Renata Mariz e Simone Iglesias
O Globo

Os valores que o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho disse, em delação premiada, terem tido como destino a campanha de Paulo Skaf, candidato do PMDB ao governo de São Paulo em 2014, não aparecem em registros oficiais das contas do candidato. De R$ 10 milhões acertados em maio daquele ano, em jantar no Palácio do Jaburu, entre o presidente Michel Temer e o então dirigente do grupo, Marcelo Odebrecht, R$ 6 milhões seriam destinados a Skaf, segundo os termos de colaboração de Melo Filho.
Na prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porém, não há menção a esses valores. A única doação registrada é de R$ 200 mil e foi feita pela Braskem, controlada pela Odebrecht.
Em nota, Skaf disse que “todas as doações recebidas estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem qualquer reparo”. E acrescenta que “nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuição de campanha que não as regularmente declaradas”.
JANTAR NO JABURU – Na delação, Melo Filho afirma que “Michel Temer solicitou, direta e pessoalmente para Marcelo (Odebrecht), apoio financeiro às campanhas do PMDB no ano de 2014”. O pedido se deu no jantar no Jaburu, onde Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil, recebeu os convidados antes de Temer chegar ao local, segundo a colaboração do executivo.
Padilha ficou responsável, segundo Melo Filho, por receber e distribuir R$ 4 milhões do valor total de R$ 10 milhões. Os R$ 6 milhões restantes, no entendimento do delator, “seriam alocados para o sr. Paulo Skaf”, por decisão de Marcelo Odebrecht. O delator disse que fez negociações diretas com Padilha sobre os repasses a ele destinados. Nessas operações, o ministro de Temer foi identificado equivocadamente de “angorá” (apelido referente ao secretário Moreira Franco) nos registros internos da companhia.
Temer já confirmou que pediu a Marcelo Odebrecht recursos para a campanha de 2014, em jantar no Palácio do Jaburu, e também que recebeu um valor ainda maior que o acertado com o executivo. A reunião, conforme descrita por Melo Filho, ocorreu no dia 28 de maio de 2014 e teve a presença de Padilha e Moreira Franco.
DOAÇÕES OFICIAIS – Segundo a prestação de contas do PMDB nacional, houve naquele ano três repasses da Odebrecht, totalizando R$ 11,3 milhões. O primeiro ocorreu em 5 de setembro, no valor de R$ 1,5 milhão. O segundo, em 12 de setembro, de R$ 5,8 milhões. Três dias antes da realização do segundo turno, em 23 de outubro, o PMDB nacional recebeu R$ 4 milhões.
Um auxiliar de Temer alega que não houve acerto de repassar parte desses recursos, R$ 6 milhões, a Skaf. Pela prestação de contas do PMDB nacional, não há aporte de R$ 6 milhões nem de transferências que somem um valor próximo ao que foi dito por Melo Filho. O PMDB nacional fez quatro doações ao PMDB de São Paulo, todas elas ao diretório estadual e nenhuma para a campanha de Skaf. Os repasses de Temer totalizaram R$ 560 mil.
RUSGA COM SKAF – O auxiliar de Temer lembrou que o então vice-presidente não participou ativamente da campanha de Skaf. Ainda aliado da presidente Dilma Rousseff, que disputava a reeleição, Temer quase rompeu com Skaf. O motivo foi uma propaganda eleitoral em que Skaf ironiza eventual apoio do PT à sua candidatura. Skaf não queria o apoio de Dilma.

Na propaganda de TV, Skaf aparecia em um vagão do metrô segurando um celular nas mãos. Um som de mensagem de texto tocava e aparecia na tela a frase: “Skaf, e esse papo de apoiar o PT?” O peemedebista sorria e simulava responder à pergunta: “Sabe de nada, inocente …”
























EXTRAÍDADETRIBUNADAINTERNET

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