Jornalista Andrade Junior

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

“Crônica da crise anunciada”

e outras sete notas de Carlos Brickmann Publicado na coluna de Carlos Brickmann

A informação é oficial, do IBGE: a renda da população se reduziu em 5,4% em 2015, último ano completo de Dilma na Presidência.. É a primeira queda em 11 anos.
“É a economia, estúpido”, repetia o estrategista-chefe do candidato Bill Clinton, James Carville. Explorar o desemprego, principalmente, era a única maneira de derrotar o presidente Bush (o pai), vitorioso na guerra contra o Iraque e na defesa do Kuwait, que tinha sido ocupado pelos iraquianos. Clinton ganhou e se reelegeu cuidando da economia. As guerras ele deixou para os republicanos, os dois Bush, pai e filho.
E aqui? O presidente Temer passa seu tempo discutindo política, como se a população empobrecida, desempregada, irritada com tanta roubalheira, estivesse preocupada com o substituto de Geddel. Trata de um assunto ridículo como o apartamento que é de Geddel, mas não foi construído, como se o assunto fosse da alçada do presidente. Houve tentativa de obter favores indevidos? Era muito mais simples afastar do Governo o ministro abusado, para recolocá-lo quando sua inocência estivesse comprovada. E voltar-se ao corte de despesas oficiais, que é o que todos esperavam.
O auxílio-moradia para quem não precisa custou, neste ano, até 18 de novembro, R$ 1 bilhão e pouco – mais que os 900 milhões do ano passado inteiro. E R$ 281 milhões gastou a Fazenda, que deveria cortar despesas.

Há 2 mil anos atrás
Frase perfeita sobre o Governo Temer que o bom jornalista Fernando Albrecht foi buscar em Diógenes, pensador grego do século 4 Antes de Cristo: “Entre os animais ferozes, o de mais perigosa mordedura é o delator; entre os animais domésticos, o adulador”. Michel Miguel Temer Lulia é vítima de ambos.

De volta para o passado
O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá, anunciou que o partido quer mudar de nome e voltar a ser MDB, como foi entre 1966 e 1979. Depois de aprovada em consulta aos diretórios estaduais, a mudança seria efetivada em fevereiro de 2017. A ideia de voltar a 1979 é tão boa que merece ser ampliada: por exemplo, mudar o nome do presidente do partido de Romero Jucá para, como nos velhos e bons tempos, Ulysses Guimarães.

Tudo certinho
Diz Romero Jucá: “Queremos deixar de ser partido e ser um movimento”. Vivendo e aprendendo: este colunista sempre achou que girar os dedos da mão em torno do polegar fixo também fosse um movimento.

A economia é a política
A primeira medida econômica de longo alcance de Michel Temer é a PEC, proposta de emenda constitucional, que estabelece um limite para os gastos do Governo. É uma providência que atende aos desejos de boa parte da opinião pública, favorável à redução da gastança; e por isso está sob fogo dos movimentos lulistas, ansiosos por convencer o eleitorado de que a PEC do limite de gastos se volta contra os orçamentos da Educação e da Saúde (não é verdade, mas a própria Dilma já dizia que em campanha se faz o diabo). E como é que a PEC está sendo apresentada à opinião pública? Não está: pesquisa Ipsos mostra que 40% da população não sabem do que se trata. E não seria difícil apresentá-la convenientemente: 64% são a favor de reduzir os gastos públicos. Da PEC só se mostram os sacrifícios, esquecendo o motivo dos sacrifícios e as vantagens que dizem que trará.

O lado brilhante
Tudo mal? Talvez. Um senador importante, em conversa com o ex-prefeito carioca César Maia, acha que até a crise do apartamento que se existisse seria de Geddel acabará bem para Temer. Este senador, segundo César Maia, é dos que vale a pena ouvir.

A economia e a lei
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou proposta de Ivo Cassol, do PP de Rondônia, que limita os juros dos cartões de crédito ao dobro da taxa Selic. Hoje em dia, os juros cairiam de 475,8%, conforme o Banco Central informou há poucos dias, para 28%.
Ótimo. Mas, se os juros de 12% ao ano, fixados pela Constituição, nunca foram obedecidos, por que um limite fixado por lei seria respeitado?

Ano quente
Lula, no processo em que é acusado de ser mandante do suborno para comprar o silêncio de Nestor Cerveró, deve ser interrogado em Brasília em 17 de fevereiro – dois dias depois do interrogatório de Delcídio do Amaral, que foi gravado pelo filho de Cerveró quando lhe passava uma proposta de facilitação de fuga do Brasil, acompanhada de um substancioso suborno.

Este caso não tem nada a ver com o apartamento à beira-mar e o sitio de Atibaia que Lula diz que não são dele, que são examinados em Curitiba.





































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