Pedro Venceslau - O Estado de São Paulo
A promessa do presidente Michel Temer de vetar qualquer tentativa de
anistia ao caixa 2 enviada pela Câmara mudou o foco da manifestação
marcada para domingo pelos grupos que lideraram nas ruas o movimento
pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.
As três maiores organizações, Vem Pra Rua, MBL e Nas Ruas convergem em
dois pontos nas demandas que serão levadas à Avenida Paulista no
domingo: defesa “intransigente” da força tarefa da Lava Jato e crítica
ao Legislativo, que estaria desfigurando as 10 medidas contra a
corrupção enviadas ao Congresso Nacional pelo Ministério Público.
Na quarta-feira, 30, a Força Tarefa da Lava Jato convocou entrevista
coletiva para criticar de forma contundente o texto final do pacote de
medidas anticorrupção aprovado pela Câmara. Os procuradores ameaçaram
renunciar caso o projeto seja sancionado pelo presidente Michel Temer.
“Estão fazendo aqui o mesmo que fizeram com a Mãos Limpas na Itália. O
que os procuradores fizeram ontem foi um pedido de socorro às ruas”,
afirma Carla Zambelli, líder do grupo Nas Ruas.
A ativista afirma que os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), serão o alvo principal do
protesto de domingo.
“Faremos campanha contra a recondução de Rodrigo Maia à presidência da Câmara”, disse a líder do Nas Ruas.
O Vem Pra Rua e o MBL, que durante o processo de impeachment de Dilma
Rousseff foram aliados de parlamentares da antiga oposição, em especial
de deputados e senadores do PSDB e DEM, agora estão afastados dos
legisladores e alinhados com as bandeiras do judiciário.
O VPR, que promete reunir manifestantes em 100 cidades de todo o país,
adotou como palavra de ordem o apoio “total e irrestrito” à Operação
Lava Jato. A lista de demandas também é composta pela aprovação das 10
Medidas contra a Corrupção (PL4850) conforme relatório aprovado na
Comissão que discutiu o tema por quatro meses, o fim do foro
privilegiado e a rejeição ao PL 280, sobre abuso de autoridade.
O MBL, que ainda não definiu sua participação na manifestação de
domingo, usou ontem as redes sociais para criticar os senadores.
O senador Renan Calheiros foi chamado de “capitão do golpe” e Aécio
Neves (MG), presidente do PSDB, foi acusado de ter feito “parte do
acordo” para modificar as 10 medidas.
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