por Júlio Delgado O Globo
O Congresso Nacional retomou as atividades legislativas no segundo
semestre deste ano ainda em débito com a sociedade brasileira. O país
está impaciente e desgastado pela crise político-econômica. Números
negativos se acumulam no setor produtivo e pioram os índices de
qualidade da vida em todas as regiões do país. A inflação voltou a
consumir o poder aquisitivo das famílias, e o desemprego já capturou
11,8 milhões de trabalhadores. Além disso, os escândalos de corrupção
corroem a ética e desafiam os valores morais da nossa população.
Essa grave instabilidade é resultado de diversos fatores e, certamente,
os próprios parlamentares estão entre as causas do problema. Mas, apesar
da crescente e justificada desconfiança dos cidadãos em relação aos
políticos, eles também são responsáveis por soluções.
As pautas prioritárias do Congresso nos próximos meses serão a
renegociação da dívida dos estados, a proposta de teto para os gastos
públicos, reformulações na exploração do pré-sal, mudanças nos fundos de
pensão das estatais, novas regras para o pagamento de precatórios,
prorrogação para o governo utilizar a Desvinculação de Receitas da União
(DRU), reformas trabalhista e da Previdência, além do pacote
anticorrupção.
Não há dúvidas de que todos esses debates são importantes e merecem
total atenção da sociedade e dos legisladores. Mas destaco entre eles as
dez propostas de combate à corrupção elaboradas pelo Ministério Público
Federal. O documento foi protocolado na Câmara, em março deste ano, por
procuradores da Operação Lava-Jato. A proposta chegou ao Parlamento com
mais de dois milhões de assinaturas de brasileiros que reconhecem no
desvio do dinheiro público responsabilidades por boa parte das mazelas
que afligem a nação.
A corrupção precisa ser combatida com disposição pelos agentes públicos e
pelas instituições brasileiras. A propina que enriquece alguns é o
recurso que falta à Saúde, à Educação e aos transportes, entre outros
serviços. Corrigir essas falhas gritantes da nossa estrutura política é,
portanto, uma obrigação do Legislativo.
Confiança é a palavra-chave no mundo moderno. Em tempos de conectividade
ilimitada, nenhum personagem ou instituição, pública ou privada,
sobrevive à falta de legitimidade moral. Por isso, o Brasil precisa
aprimorar suas ferramentas de controle da gestão pública e modernizar
suas estruturas de combate à corrupção.
O primeiro passo para um sistema político mais ético deverá ser a
cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha no dia 12. O
peemedebista deverá manobrar para escapar da suspensão de seus direitos
políticos. Mas nós, deputados, não podemos permitir qualquer movimento
para atrasar ou atrapalhar o julgamento. Devemos à sociedade a exclusão
de Cunha do cenário político.
O Parlamento precisará de equilíbrio e disposição das forças políticas
para cumprir todas essas metas. O cenário é desafiador, mas também
representa uma oportunidade de reconciliação do Legislativo com a
sociedade. Pelo bem do país, não podemos desperdiçá-la.
extraídaderota2014blogspot
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