Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

"O papel do Congresso",

por Júlio Delgado O Globo

O Congresso Nacional retomou as atividades legislativas no segundo semestre deste ano ainda em débito com a sociedade brasileira. O país está impaciente e desgastado pela crise político-econômica. Números negativos se acumulam no setor produtivo e pioram os índices de qualidade da vida em todas as regiões do país. A inflação voltou a consumir o poder aquisitivo das famílias, e o desemprego já capturou 11,8 milhões de trabalhadores. Além disso, os escândalos de corrupção corroem a ética e desafiam os valores morais da nossa população.
Essa grave instabilidade é resultado de diversos fatores e, certamente, os próprios parlamentares estão entre as causas do problema. Mas, apesar da crescente e justificada desconfiança dos cidadãos em relação aos políticos, eles também são responsáveis por soluções.
As pautas prioritárias do Congresso nos próximos meses serão a renegociação da dívida dos estados, a proposta de teto para os gastos públicos, reformulações na exploração do pré-sal, mudanças nos fundos de pensão das estatais, novas regras para o pagamento de precatórios, prorrogação para o governo utilizar a Desvinculação de Receitas da União (DRU), reformas trabalhista e da Previdência, além do pacote anticorrupção.
Não há dúvidas de que todos esses debates são importantes e merecem total atenção da sociedade e dos legisladores. Mas destaco entre eles as dez propostas de combate à corrupção elaboradas pelo Ministério Público Federal. O documento foi protocolado na Câmara, em março deste ano, por procuradores da Operação Lava-Jato. A proposta chegou ao Parlamento com mais de dois milhões de assinaturas de brasileiros que reconhecem no desvio do dinheiro público responsabilidades por boa parte das mazelas que afligem a nação.
A corrupção precisa ser combatida com disposição pelos agentes públicos e pelas instituições brasileiras. A propina que enriquece alguns é o recurso que falta à Saúde, à Educação e aos transportes, entre outros serviços. Corrigir essas falhas gritantes da nossa estrutura política é, portanto, uma obrigação do Legislativo.
Confiança é a palavra-chave no mundo moderno. Em tempos de conectividade ilimitada, nenhum personagem ou instituição, pública ou privada, sobrevive à falta de legitimidade moral. Por isso, o Brasil precisa aprimorar suas ferramentas de controle da gestão pública e modernizar suas estruturas de combate à corrupção.
O primeiro passo para um sistema político mais ético deverá ser a cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha no dia 12. O peemedebista deverá manobrar para escapar da suspensão de seus direitos políticos. Mas nós, deputados, não podemos permitir qualquer movimento para atrasar ou atrapalhar o julgamento. Devemos à sociedade a exclusão de Cunha do cenário político.
O Parlamento precisará de equilíbrio e disposição das forças políticas para cumprir todas essas metas. O cenário é desafiador, mas também representa uma oportunidade de reconciliação do Legislativo com a sociedade. Pelo bem do país, não podemos desperdiçá-la.
extraídaderota2014blogspot

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