Jornalista Andrade Junior

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Guilherme Fiuza e 'os talibãs da empatia imaginária'

Revista Oeste

A Seita da Terra Parada está ficando mais agressiva. À medida que a realidade demonstra a ineficácia do confinamento, os patrulheiros do “fica em casa e cala a boca” começam a engrossar. Atualmente, se você não tratar o lockdown total como uma bênção divina, eles lhe arremessam na testa o número de mortos atualizado no minuto anterior pela “Covid News”. A barra está pesada.
O pico da epidemia será quando eles disserem que vai ser — com direito a correção diária da projeção. País que faz isolamento social e não “achata a curva” é porque não fez direito, ou não fez na hora certa, ou não confinou direito o povo, ou não combinou direito com o vírus. A OMS disse que o contágio está se dando em casa. Deve ser culpa daquele velhinho indócil que foi ao supermercado. O ideal era não existir supermercado, nem velhinho. Aí o lockdown seria perfeito.
As curvas zombam dos especialistas paralisantes, mas eles não se abalam. Sem socar todo mundo em casa seria pior, e ponto-final. A curva que vale é a da cabeça dos sábios. As outras não são confiáveis — até porque não obedecem a ninguém. Está faltando um decreto do Doria ou do Witzel para mandar as curvas andar na linha, senão eles prendem e arrebentam.
Macron fechou tudo, e disse que a França estava em guerra. O coronavírus não se comoveu com o discurso e seguiu normalmente sua turnê pelo país. Aí o Macron disse que vai reabrir, que vai refundar, que vai ressignificar — e a Seita da Terra Parada está ouvindo comovida, esperando a epidemia acabar para dizer que sem o isolamento social não teria sobrado um francês para contar a história. Cada médico que aparece alertando para o risco do prolongamento da epidemia em decorrência do próprio confinamento é jogado imediatamente na fogueira da inquisição. Com seita não se brinca.
Segundo o novo dogma global, falar em isolamento dos vulneráveis e circulação controlada da população assintomática, com as devidas medidas de distanciamento e bloqueio de contágio, é pecado. O permitido, que aliás está dando muito certo, é todo mundo trancado em casa enlouquecendo, adoecendo, murchando e empobrecendo. Populações inteiras esfaceladas e subjugadas serão realmente a condição perfeita para que essa epidemia seja superada em breve por outras bem piores — virais ou não.
A má notícia para os patrulheiros do imobilismo que estão aí chamando todo mundo de assassino é que as mortes por asfixia social também serão contadas. Só que elas serão muito mais numerosas que as do corona — e serão devidamente creditadas a vocês, os talibãs da empatia imaginária, com farta ilustração dos momentos felizes em seu confinamento vip.
E todo inocente útil tem o direito de acreditar em modelos matemáticos fantasiosos, com suas criativas equações correlacionando porcentual de confinados com progressão exata de contaminação de vulneráveis e demanda semanal por leitos de UTI. Os inocentes úteis são fundamentais para que os oportunistas inúteis continuem anunciando o colapso da rede hospitalar para a semana que vem — o que lhes permite torturar mulher em banco de praça e barbarizar o cidadão em geral.
Curiosamente, a guarda animalesca da ditadura viral arrasta uma mulher sozinha na praia, mas não controla o distanciamento entre as pessoas na fila da Caixa Econômica para receber esmola estatal. Em qual dessas situações existe maior risco de contágio?
Que contágio, seu bobo… Quem é que está falando de contágio? Você ainda não entendeu que no dicionário dos surfistas de epidemia “salvar vidas” é um código? Só que o significado do código você vai ter de descobrir por si mesmo. Antes que seja tarde.










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