Jornalista Andrade Junior

sábado, 25 de abril de 2020

"Compensações",

por Miranda Sá

“Não é tarefa fácil dirigir os homens; empurrá-los, em compensação, é muito fácil. ”  (Rabindranath Tagore)
Os estudiosos da História, a ciência da experiência humana, deslumbram-se em saber que enquanto os europeus estavam mergulhados na escuridão obscurantista da Idade Média, o Islã tornou-se o polo de todas as ciências, principalmente a Astronomia, a Matemática, a Medicina e a Química. Isto, sem acrescentar o domínio das artes, a arquitetura, o desenho e o urbanismo.
… mas em compensação, em livros amarelecidos, encontramos a revoltante ação do califa Omar mandando queimar a Biblioteca de Alexandria, com seus setecentos mil volumes que acumulavam o conhecimento da evolução civilizatória. Usou como argumento de que ou eram contra o Alcorão ou repetiam o que estava no livro do profeta.
Toma-se conhecimento, também, que o czar Pedro – O Grande – um excelente governante reformista modernizou a Rússia, cidades, estradas e serviços públicos, saneando a economia e criando a construção naval. Adotou o novo calendário e realizou, pela primeira vez, um censo multinacional no País, tornando-o poderoso cultural e militarmente.
… mas em compensação, vivia quase sempre embriagado, o que aguçava o seu autoritarismo; e era desprovido de qualquer humanismo. Conta-se que visitando o rei Frederico II da Dinamarca, para mostrar a submissão do seu povo, chamou um cossaco da comitiva e ordenou que se atirasse da alta Torre Redonda de Copenhague. O cossaco saudou-o e se lançou no vácuo.
A passagem de Napoleão Bonaparte capitulada pela História, mostra o filho dileto da Revolução Francesa ocupar quase toda a Europa, levando aos países os princípios democráticos e republicanos igualdade, liberdade, propriedade e tolerância religiosa. A mais valiosa de suas heranças foi o “Código Civil dos Franceses”, outorgado por ele em março de 1804. Este importante documento jurídico passou a ser conhecido, por justiça, de Código Napoleão.
… mas em compensação, Napoleão traiu a República Francesa, convocando, com cartas marcadas, um plebiscito que o reconheceu como imperador; e o Império Francês criado militarmente por ele estabeleceu nos países submissos governantes marcados pelo nepotismo e privilégios.
Lá pelo Grande Oriente, tivemos na China o generalíssimo Chiang Kai-shek, discípulo e seguidor do republicano Sun Yat-sem fundador do partido Kuomintang. Mais tarde substituiu Sun como líder nacionalista, e ocupou a Presidência da República Chinesa, contra os “Senhores da Guerra” e defendendo a cultura tradicional no chamado “movimento nova vida”. Foi marcante a sua atuação na 2ª Guerra lutando contra os japoneses que haviam invadido a China.
… mas em compensação, como político e militar, estendeu os seus anos de poder sem renovação de quadros administrativos; tornou-se ditador e impôs um regime totalitário com violenta repressão, realizando prisões e torturas arbitrárias dos seus opositores.
Ainda não se passaram dois anos da grande mobilização popular no Brasil contra a corrupção instituída nos governos de Lula e do seu poste Dilma Rousseff. Com isto, assistimos uma reviravolta política com a formação de uma ampla frente política de centro-direita que elegeu Jair Messias Bolsonaro para a presidência da República na esperança de termos um governo democrático, honesto, justo e progressista.
… mas em compensação, o eleito agregou à Presidência três complicados filhos com visível atuação nepotista. Iniciou acordos com o Centrão e distribui cargos com os picaretas do Congresso. Muito pior do que isso, atendeu aos extremistas de direita tramando contra a Lava-jato e a derrubada do ministro Sérgio Moro, o que levou o ícone da luta contra a corrupção a se demitir.











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