por Branca Nunes
sociais mostram homens e
mulheres sofrendo algum
tipo de violência praticada
por quem deveria protegê-los
“O desejo de salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para o desejo de controlá-la”. Henry Louis Mencken (1880-1956), jornalista norte-americano.
Sob o argumento de salvar a humanidade ou, no mínimo, os brasileiros, cenas de violência protagonizadas por agentes encarregados de garantir o isolamento social em nome do combate ao coronavírus têm proliferado nas cidades do país. Uma das mais chocantes aconteceu em 13 de abril, quando uma mulher, sentada num banco da Praça dos Advogados, em Araraquara, no interior de São Paulo, foi abordada pela Guarda Municipal.
Enquanto três guardas tentam imobilizá-la com brutalidade, um quarto fala diversas vezes: “Não resiste, não resiste”. Em seguida, determina: “Põe a algema nela”. As imagens desconcertantes percorreram as redes sociais.
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No mesmo 13 de abril, outra mulher foi interpelada em São Paulo por homens da Guarda Civil Metropolitana que, aos berros, ordenam que saia dali. “Chegô, chegô. Vai pra sua casa”, grita um deles. “Não põe a mão na minha cara”, vocifera o policial, dando um tapa na mão da vítima, que tenta inutilmente dizer alguma coisa. Com sucessivos empurrões, ele repete a exigência: “Vai embora para a sua casa”.
Eu vou dormir e pedir a Deus pra amanhã não ser baleado pela GCM aqui em São Paulo. Porque criaram uma ditadura é em todo Brasil. @jairbolsonaro @SF_Moro @MPF_PGR @JusticaGovBR
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Dias antes, duas mulheres haviam sido presas na praia de Icaraí, em Niterói. Motivo: caminhavam pela orla. A imagem materializou a ameaça feita pelo governador Wilson Witzel no fim de março, quando avisou: “Estou pedindo para as pessoas ficarem em casa, daqui a pouco vamos começar a levar para a delegacia”.
Witzel ainda não esclareceu de que modo foi infectada pelo vírus chinês. Se cumpriu as normas da quarentena, transformou-se numa prova de que o isolamento é inútil. Se não cumpriu, ele próprio deveria aplicar-se uma punição.
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Em Maringá, no Paraná, o dono de um Lava-Jato desmaiou ao ser imobilizado por guardas municipais com um golpe conhecido como “mata-leão”, antes de ser preso sob a acusação de violar um decreto do prefeito Ulisses Maia (PSD):
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A divulgação dos vídeos não parece constranger autoridades municipais ou estaduais. Nesta segunda-feira, por exemplo, Arthur Weintraub, professor de Direito da Unifesp e irmão do atual ministro da Educação, publicou no Twitter imagens que mostram um homem abordado, algemado e preso por ter aberto sua loja.
Mesmo depois de fechar o estabelecimento e dizer que acompanharia os PMs, um dos policiais interrompe a tentativa de diálogo: “Você vai algemado”, determina. Mesmo sem apresentar nenhuma resistência, o comerciante recebe um “mata-leão”, enquanto tem as mãos algemadas.
Para um trabalhador honesto, ser preso e algemado por estar abrindo sua lojinha deve ser uma das piores experiências. Ainda mais sendo esganado. Degradante. Lembro que, tempos atrás, políticos presos não eram sequer algemados. No máximo punham as mãos pra trás. Esquerda aplaude.
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Também nesta semana, Henrique Fogaça, chef do restaurante Sal, sentiu na pele o autoritarismo da polícia em tempos de quarentena. Num vídeo, ele conta que estava distribuindo marmitas para moradores de rua quando foi surpreendido pela polícia. Um homem ao lado de Fogaça complementa o relato: “A polícia vetou a nossa entrega. Foi um bafafá, deu a maior briga com os mendigos”.
Fogaça continua a narrativa: “Quarentena, ok, restaurante fechado, ok. A gente entende. Preservar a saúde das pessoas. Agora, não poder entregar marmita, hein, governador? E aí, seu Dória, como é que faz?”.
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Nesta terça-feira, mesmo dia em que a Justiça determinou a soltura de um dos chefões do PCC condenado a 76 anos de cadeia com a justificativa de que, por ter hipertensão, ele fazia parte do grupo de risco, duas mulheres e duas crianças foram presas no Rio de Janeiro por nadarem na praia de Copacabana. As crianças, uma delas filha do deputado federal Luiz Lima (PSL), são atletas da seleção brasileira infantil de natação do Fluminense e estavam treinando. Detidas quando ainda estavam na areia, foram colocadas dentro de um camburão.
Embora perturbadoras, as provas gravadas não provocam na sociedade civil a indignação que deveriam causar. Com a justificativa de “preservar a saúde da população, confirmam o que escreveu J.R. Guzzo, no seu mais recente artigo publicado na Revista Oeste: “A democracia está indo para o diabo”.
Guzzo inclui no seu texto um recado mais que oportuno: “Cuidado: não é certo que lhe devolvam depois tudo o que estão lhe tirando agora”. Tomara que essa advertência não se concretize.
Revista Oeste
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