por Nelson Motta
Uns criticam Bolsonaro por voltar atrás em várias propostas anunciadas.
Outros o acusam de ser autoritário, tirânico e fascista. Mas não dá para
ser os dois ao mesmo tempo. Que autoritário volta atrás em suas
decisões por reação a críticas? Que tirano admite com naturalidade seus
erros e muda de opinião? Como disse o Diogo Mainardi, Bolsonaro, pelo
menos até agora, está se revelando o fascista menos fascista da
história, kkkkk.
Curiosamente, ou nem tanto, proclamados democratas como Lula e Dilma
nunca reconheceram seus erros e de seus companheiros, raras vezes
voltaram atrás por críticas, exerceram imperialmente o poder com mão de
ferro, estilo autoritário e linguagem tosca.
Consequência da desmoralização da política tradicional, da impunidade,
da corrupção e da onda antipetista que a candidatura fake de Lula
provocou, a eleição de Bolsonaro — e o tsunami que varreu velhos
caciques e ratazanas do Congresso — anuncia novos tempos no Brasil.
Só um idiota pode torcer ou contribuir para isso, mas talvez o governo
Bolsonaro seja um desastre, talvez o novo Congresso seja pior do que o
atual, talvez até melhore, mas nada será como antes. O Brasil disse nas
urnas que quer autoridade, ordem e progresso. Não autoritarismo, tirania
e fascismo.
O capitão está começando bem na escalação do seu time. Para o que o
Brasil precisa no momento, ninguém melhor que o juiz Sergio Moro, muito
mais qualificado para o Ministério da Justiça do que todos os seus
antecessores até... quem é mesmo o ministro de Temer?
Assim como os filhos de Lula criaram muitos problemas para o pai com
suas estrepolias empresariais, os de Bolsonaro também inspiram cuidados.
Não como lobistas ou agentes de maracutaias, mas pelo exercício
desmedido do poder recente, a língua solta e o desconhecimento de normas
constitucionais e democráticas básicas.
Até agora está melhor, ou menos pior, do que se imaginava. Bolsonaro
pode ser grosso e tosco, mas não o chamem mais de autoritário e de
fascista. Por enquanto.
O Globo
EXTRAÍDADEROTA2014BLOGSPOT
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