Com Blog do Josias, UOL
Pode-se dizer muita coisa da composição da equipe de Jair Bolsonaro. Só
não se pode afirmar que ele não tenha cumprido o compromisso de retirar a
área econômica do governo da zona da gandaia, aquele espaço onde ficam
situados os ministérios, as estatais e outros organismos a serviço do
clientelismo e do fisiologismo. Bolsonaro prometera dar plena liberdade a
Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, para se cercar de auxiliares técnicos. E isso está sendo feito.
O Posto Ipiranga de Bolsonaro, ele próprio um técnico, colocou gente com
experiência de mercado no Banco Central, no BNDES, no Banco Brasil e na
Caixa Econômica Federal. Parece pouca coisa. Mas faz uma diferença
monumental. Nos 13 anos de poder petista, estatais e bancos públicos
viraram mercadoria oferecida no mercado das barganhas políticas. O Banco
do Brasil estrelou o escândalo do mensalão. A Petrobras, a Caixa, o
BNDES e outros ghichês foram arrastadas para dentro dos processos da
Lava Jato.
Na presidência-tampão de Michel Temer, a blindagem da área econômica foi
apenas parcial. A Caixa Econômica, por exemplo, foi submetida ao
comando do Partido Progressista, campeão no ranking do petrolão. Foram
ignoradas as investigações que revelavam que o roubo na Caixa vinha de
longe. Participaram do saque, entre outros, os presidiários Eduardo
Cunha e Geddel Vieira Lima. Quando se fala em assalto e bancos,
imagina-se que a coisa acontece de fora para dentro. Nos bancos
públicos, o assalto aconteceu de dentro para fora.
Nesse contexto, é um alívio perceber que o pedaço econômico do novo
governo está assentado em terreno técnico. Diz-se que Paulo Guedes e sua
turma são ultraliberais. Mas foi esse o ideário que a maioria do
eleitorado escolheu nas urnas de outubro. É melhor que o país possa
discutir a qualidade do projeto sem o inconveniente de flagrar partidos
tirando lascas do patrimônio público.
extraídaderota2014blogspot
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