O Globo
No momento, há na Câmara dos Deputados uma onda de pressão sobre o
presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para ele pautar um projeto de
lei teleguiado, a fim de amenizar regras da execução penal. Segundo o
jornal “Folha de S.Paulo”, há neste caso impressões digitais do PP,
partido, junto com o PT, muito envolvido no esquema de assalto à
Petrobras no lulopetismo. Estaria condicionando apoio à reeleição de
Maia à presidência da Casa a este agendamento. O partido nega, claro.
Seja como for, o projeto, entre outras benevolências com endereço certo,
abranda penas com o objetivo de reduzir a superlotação carcerária. Quer
dizer: em vez de se construírem cadeias, soltam-se os presos. O assunto
já é acompanhado pelo futuro ministro da Justiça e Segurança Pública,
Sergio Moro.
No âmbito do Judiciário, prevê-se para hoje o julgamento da Ação Direta
de Inconstitucionalidade impetrada no final do ano passado pela
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, contra o indulto de Natal
decretado pelo presidente Temer. Prerrogativa do cargo, mas não nos
termos em que foi concedido.
Assim considerou a ministra Cármen Lúcia, de plantão à época e ainda
presidente da Corte, para conceder liminar à ação. O ministro Luís
Roberto Barroso, sorteado relator, manteve a liminar, e o caso vai a
julgamento hoje.
Mantidos os termos do indulto, a Lava-Jato desmontará, porque acabará o
estímulo a que acusados e condenados por corrupção aceitem colaborar com
o MP e a Justiça no esclarecimento de crimes do colarinho branco, em
troca de benefícios penais.
É óbvio que sem delações premiadas, aqui e no exterior, o combate ao
crime se torna frustrante. Dificultar acordos de colaboração tem sido
objetivo constante de grupos de políticos atingidos pela Lava-Jato. Há
exemplos conhecidos de emedebistas e petistas em ações com este objetivo
no Congresso.
Reduzir o limite de cumprimento de pena para só 20% dela como critério
de enquadramento no indulto; incluir na lista de crimes passíveis do
perdão presidencial aqueles típicos de colarinho branco, bem como
indultar o pagamento de multas são alguns dos itens incluídos no decreto
de Temer, que abalam a Lava-Jato e impedem qualquer outra operação
idêntica. Calcula-se que cerca de 40 condenados pela operação serão
beneficiados se os termos do indulto forem ungidos pelo STF. E corruptos
amigos do poder serão incentivados a nada falar, à espera de um indulto
salvador.
extraídaderota2014blogspot
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