e outras cinco notas de Carlos Brickmann Com Blog do Augusto Nunes - Veja
A História se inspira na história. Na série que Monteiro Lobato poderia
ter escrito para a TV Lula, Paulinho cai nas mãos do Japonês da Federal,
mas sua Narizinho continua solta – afinal, a loirinha do Narizinho
Arrebitado já mora em Curitiba. E há um enigma: a rinoceronta Quindilma,
como fará para pedalar e divertir-se em duas rodas se até quem se
gabava de levá-la a passear de moto está também fora do jogo?
A Operação Custo Brasil da Polícia Federal atinge dois laços discretos
das relações entre o PT, o governo petista e grupos organizados para dar
apoio pago às posições oficiais: um, de jornalistas, que se deram muito
bem falando muito bem deste governo; outro, de especialistas em
serviços relacionados especialmente com crédito consignado. Entre os
atingidos, todos importantes, dois ex-ministros de Dilma: Carlos Gabas,
que a levava para passear de Harley-Davidson, e Paulo Bernardo (ministro
também de Lula), marido da senadora Gleisi Hoffmann. Há Valter Correia,
secretário do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad; João Vaccari
Neto, ex-tesoureiro nacional do PT, que já está preso e recebeu outra
prisão preventiva; e o jornalista Leonardo Attuch, editor do jornal
virtual Brasil 247. A sede nacional do PT sofreu busca e apreensão.
As ações se aceleram, cada indício leva a outros. É cada vez mais claro
que as acusações de corrupção se aproximam de Lula. Ele é o alvo.
Dias de fúria
Lula é líder, tem carisma, é o grande símbolo do petismo. Não será
atingido sem escândalo, sem provocar a ira de seus seguidores, por mais
justo que se comprove o motivo de qualquer ação legal que se lhe mova.
Não devemos esperar dias livres de protestos e de declarações de gente
séria sobre a hipocrisia de condenar governistas que ordenham empresas
estatais em seu benefício e do partido, enquanto todos nós já violamos a
lei jogando papel de bala e guimba de cigarros na calçada. Serão
chatíssimos.
A ira santa
Que é que muda, e por quanto tempo? Não teremos marqueteiros cobrando
abertamente R$ 70 milhões por eleição, nem levando ao Exterior as
quantias com que empreiteiras brasileiras compraram a vitória em
concorrências; nem departamentos equipadíssimos em empresas gigantescas
cuidando apenas do vai-vem das propinas.
Mas calma, a festa não termina. Mudará a maneira de fazer algumas
coisas, e podemos confiar na capacidade criativa de subornados e
subornadores para encontrá-la.
Iguais, mais ou menos
Funcionários já acusados e outros suspeitos de ordenha irregular de
cofres públicos há vários na cadeia. Mas há funcionários apanhados e
muito mais bem tratados. Empreiteiros são condenados e, tão logo fazem
delação premiada, vão para suas belas casas (alguns ganham até
tornozeleiras novinhas de presente. Se algum bandido vagabundo os
maltratar, será encontrado na hora). Outros que, além de roubar, traíram
os amigos e colegas de crime e os entregaram à Polícia, esses voltaram à
boa vida ao devolver parte do que consideravam seu. Político na cadeia,
excetuando-se militantes bem treinados e disciplinados como João
Vaccari Neto e José Dirceu, há poucos. Alguns funcionários mais
sortudos, como Barusco, que devolveu quase R$ 200 milhões e vive numa
bela casa em Angra, com piscina e muito uísque, também desfrutam de boa
vida. Por que? Que é que José Dirceu fez que os outros não fizeram e
justifica a pena mais dura?
A explicação só pode ser uma, tirada da excelente A revolução dos
bichos, de George Orwell: “Todos são iguais perante a lei, mas alguns
são mais iguais que os outros”.
Juntando todos?
Curiosa a atitude do procurador-geral Janot ao pedir simultaneamente (e
sem êxito) a prisão de Eduardo Cunha, Romero Jucá e Renan Calheiros,
três caciques capazes de fazer boi voar (Renan, a propósito, já
trabalhava no ramo de bois voadores e fazendas de diversos andares em
sua crise anterior; Cunha atuou em ramo semelhante, mas com bois ralados
que decolavam com destino à África). Janot precisa pensar melhor nas
consequências de seus atos: se conseguisse prender esses três, que tipo
de exemplo daria aos malfeitores que já estão na cadeia?
O mundo do dinheiro
Olhe para qualquer lado: o gari empunha um celular, a babá presta mais
atenção no celular do que no bebê, o vizinho sai da garagem já com o
celular no ouvido. Celular é um sucesso! Então, digam-me: como a Oi,
maior empresa do ramo, conseguiu ajuntar R$ 65 bilhões de prejuízo?
Celulares e banda larga só aqui dão prejuízo? Em que ponto do percurso o
dinheiro todo sumiu? E como é que vão tomar de nós essa quantia? Porque
quem paga, sobre isso não há qualquer dúvida, nós sabemos.
extraídaderota2014blogspot
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