Prisão de Paulo Bernardo mostra que o juiz Sérgio Moro não está mais sozinho

Carlos Newton

Enfim, já se pode proclamar que “há juízes no Brasil”, da mesma forma como havia juízes em Berlim no reinado de Frederico II. A princípio, o juiz Sérgio Moro parecia estar sozinho ao lutar quixotescamente contra o esquema de corrupção que atinge o poder público. Mas depois de iniciada a operação Lava Jato, surgiu a juíza substituta Célia Regina Ody Bernandes, então responsável pela 10ª Vara Federal Criminal de Brasília, deflagrou a operação Zelotes e autorizou um mandado de busca e apreensão nas empresas de Luís Cláudio Lula da Silva, o filho caçula do ex-presidente, deixando claro que o juiz Moro já não estava sozinho.
Em seguida, o juiz Vallisney de Oliveira, que trabalhava no Superior Tribunal de Justiça, reassumiu a 10ª Vara Federal Criminal de Brasília e manteve o mesmo rigor da juíza substituta Celia Bernardes. Ou seja, passaram a ser três juízes federais claramente comprometidos com a luta contra a corrupção.
E agora entra em cena o juiz da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, autorizando a operação Custo Brasil, com a prisão preventiva do ex-ministro Paulo Bernardo, busca e apreensão na sede do PT e tudo o mais.
SURGE MAIS UM JUIZ – Oficialmente, o titular da 6ª Vara, “especializada em crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de valores”, é o juiz João Batista Gonçalves, mas a decisão de autorizar a operação Custo Brasil foi assinada pelo juiz Paulo Bueno de Azevedo, que está em exercício.
A participação do juiz substituto Paulo Azevedo foi fundamental, porque dificilmente o titular da 6ª Vara, João Batista Gonçalves, tomaria uma decisão de tamanho alcance, pois se trata de um crítico ferrenho da operação Lava Jato.
Recentemente, uma de suas explosivas declarações foi divulgada com entusiasmo pelos blogs petistas. “Que diferença tem a tortura de alguém que ia para o pau-de-arara para fazer confissões e a tortura de quem é preso e só é solto com uma tornozeleira, depois que aceita a delação premiada?”, indagou o titular da 6ª Vara Federal Criminal, que é um magistrado veterano, já próximo da aposentadoria e considerado muito conservador.
CONFLITO DE GERAÇÕES – Essa situação indica que está havendo um conflito de bastidores na Justiça Federal, que tem especial importância. Os juízes Sérgio Moro, Célia Bernardes, Vallisney de Oliveira e Paulo Azevedo pertencem à nova geração de magistrados, delegados da Polícia Federal e procuradores da República que estão lutando para passar este país a limpo.
O fato concreto e inquestionável é que a geração hoje no poder fracassou completamente, levando o país às sinistras condições em que se encontra. Ou seja, a geração atual, que lutou contra o regime militar, precisa ser substituída o mais rápido possível, porque chegamos a uma derrocada política de tal gravidade que hoje os brasileiros não têm mais opção de voto. Os nomes são os mesmos, praticamente todos estão envolvidos na corrupção ou desgastados pela atitude omissa. Há exceções, é claro, mas o que prevalece é a vontade da maioria.
A VEZ DA JUSTIÇA – De toda forma, as coisas tendem a se acertar, caso a nova geração de magistrados consiga se impor e realmente aprimore a Justiça brasileira, cuja inoperância é tão constrangedora quanto as sessões do Supremo transmitidas ao vivo, pois o que prevalece não é a Justiça, mas a vaidade individual. Julgamentos que poderiam durar 15 minutos levam horas e horas, às vezes passam de um dia para o outro, chega a ser patético assistir os ministros a disputarem erudição.
No dia em que a Justiça brasileira funcionar, o país forçosamente entrará num ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico e social, porque as autoridades serão obrigadas a respeitar seus limites, o poder público se guiará pela meritocracia, os criminosos pensarão duas vezes antes de delinquir e os cidadãos de bem enfim poderão caminhar pelas ruas de cabeça erguida. Parece um sonho, mas pode ser realizado.
















extraídadetribunadainternet

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