por Bernardo Mello Franco Folha de São Paulo
O desembarque do PMDB o
governo zonzo, como um pugilista que leva um cruzado no queixo e passa a
cambalear pelo ringue. O golpe já era esperado, mas o Planalto não
fechou a guarda nem esboçou uma reação minimamente coordenada. No fim do
dia, conselheiros de Dilma Rousseff pareciam desorientados, sem
discurso ou estratégia para sair da lona.
A entrevista do ministro Jaques Wagner ilustrou
bem o estado de catatonia dos petistas. Seis dias depois de a
presidente dizer que "queria muito" manter a aliança com o PMDB, seu
chefe de gabinete declarou que o rompimento com o partido do vice
chegava em "boa hora".
O ministro tentou vender a tese de que a debandada abrirá espaços para
uma "repactuação do governo", eufemismo para um novo loteamento em busca
de votos contra o impeachment. Uma repórter quis saber quantos
peemedebistas deixarão a Esplanada. "Não sei", respondeu Wagner, desta
vez em tom mais sincero.
O petista deixou claro que o único plano do governo é oferecer cargos em
troca de votos. Para surpresa geral, acrescentou que até a Casa Civil
pode entrar na barganha, se o Supremo não autorizar a posse do
ex-presidente Lula. "Claro que, ele não podendo assumir, este seria um
posto a ser negociado", disse Wagner.
O problema será convencer os parlamentares de que negociar à vista com
Dilma é mais vantajoso do que barganhar a prazo com Michel Temer. Se o
impeachment for mesmo decidido na base do fisiologismo, os anos de
experiência no balcão tendem a contar a favor do vice.
Ao romper com Dilma aos gritos de "Brasil urgente, Temer presidente", o
PMDB deixou claro que vê o impeachment como atalho para chegar ao
Planalto sem o voto popular. Três décadas depois de defender a volta das
eleições presidenciais, o partido decidiu assumir a bandeira das
Indiretas Já.
extraídaderota2014blogspot
0 comments:
Postar um comentário