Roberto Nascimento
O famoso Manifesto dos Advogados em defesa do dono da maior empreiteira do Brasil se tornou um rotundo fracasso. Nove entre dez cidadãos estão contra este posicionamento e, lógico, ficaram a favor da nobre atuação do juiz Sérgio Moro, dos procuradores e policiais federais atuantes nas operações Lava Jato e Zelotes. Na verdade, a tal carta (no diminutivo sim) veio como tática de defesa, na tentativa de empolgar a opinião pública em favor dos empreiteiros, mas sua argumentação não contemplava as relações de causa e efeito, preponderantes para ganhar as consciências.
Creio que o inspirador da carta dos advogados tentou copiar outra já clássica e famosa carta do advogado e vice Michel Temer, endereçada à presidente da nação, iniciativa que também fracassou pelos termos chorosos em defesa de mais atenção para ele e seus pupilos, Moreira Franco e Eliseu Padilha, em especial.
Não consigo entender, por mais que tente, qual a razão de advogados experientes e um político (Temer) de tanta política nas hostes do PMDB, inclusive ao lado de Ulysses Guimarães, um dos líderes mais respeitados de todos os tempos – enfim, como conseguiram errar tanto em tão poucas linhas. Talvez não tenham lido as lições de Aristóteles em seu Tratado sobre a Lógica.
EXPERIÊNCIA PARA NÓS
Por outro lado, o fato de errarem foi positivo para a sociedade, pois seus objetivos não foram alcançados, e isso serviu de experiência para nós, cidadãos. Discordo do arrazoado dos advogados, francamente favorável aos réus. A sociedade exige publicidade e a Constituição de 1988 dá essas garantias de transparência, ressalvando apenas os casos específicos, exemplo dos processos envolvendo menores e o Direito de Família, que têm o sigilo preservado.
Os desvios de bilhões de reais da Lava Jato e da Zelotes estão impactando na sociedade de maneira terrível. Esse dinheiro desviado está fazendo falta nos hospitais, principalmente, levando pessoas humildes a sofrimentos diários e até a óbitos, por falta de condições mínimas de atendimento nos hospitais públicos.
A prisão dos corruptos e a exposição pública dos negócios ilícitos praticados é salutar e trata-se de um avanço do processo democrático.
TRANSPARÊNCIA OBRIGATÓRIA
Todos nós, cidadãos contribuintes, temos o direito de saber para onde o nosso dinheiro está sendo utilizado e a imprensa tem cumprido seu papel com maestria. Os fatos são tão contundentes, que carta nenhuma irá mudar a perplexidade das pessoas, com os desvios de dinheiro público. Então, tentar amordaçar a Imprensa e o Ministério Público terá o povo na linha de frente contrária a esse escuso interesse de defesa das classes dirigentes. O país precisa dessa catarse para voltar a crescer e melhorar a vida do povo. Isso é democracia na acepção da palavra.
EXTRAÍDADETRIBUNADAINTERNET
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