ROGÉRIO GENTILE
FOLHA DE SP -
SÃO PAULO - A Copa de 2014 lembra o remake de uma novela, tantas são as coincidências com a de 1950. Sessenta e quatro anos depois, embora o país e a própria competição tenham mudado muito, o triunfalismo dos organizadores, as polêmicas sobre os gastos e os atrasos nas obras se repetem.
Se hoje o governo afirma que esta será a "Copa das Copas", à época dizia-se que o Brasil faria o "maior campeonato do mundo". "Será o mais belo e o mais brilhante campeonato mundial que se realizará", disse o representante do Brasil na Fifa, Luís Aranha, à imprensa europeia.
A despeito da promessa, muita coisa ficou para a última hora. O Maracanã, que ainda era conhecido apenas como Estádio Municipal, foi inaugurado mesmo sem estar pronto, assim como ocorreu com o Itaquerão. Na abertura da Copa, havia lama e material de construção no entorno do estádio. A situação só não foi pior porque o Exército enviara, semanas antes, centenas de soldados para acelerar a obra.
Também houve pressão da Fifa --que reclamava da desconsideração dos brasileiros com a "importância da competição"-- e muitos questionamentos sobre os gastos. O então vereador Carlos Lacerda, por exemplo, dizia que a prioridade deveria ser erguer escolas, túneis e hospitais. O jornalista Mário Filho, que hoje dá seu nome ao Maracanã, respondia que a argumentação não passava de "demagogia barata".
Em 1947, um ano depois de o país ter sido escolhido para sediar a Copa, São Paulo enfrentou também protestos em razão de aumento na tarifa dos transportes. Revoltados, manifestantes promoveram um quebra-quebra que afetou quase um terço da frota --242 bondes foram depredados, e 94 ônibus, incendiados ou danificados. A tarifa foi reduzida.
Antes que alguém reclame de mau agouro, vale notar que todas as coincidências ocorreram fora dos gramados. Na dúvida, porém, não custa bater umas 20 vezes na madeira.
SÃO PAULO - A Copa de 2014 lembra o remake de uma novela, tantas são as coincidências com a de 1950. Sessenta e quatro anos depois, embora o país e a própria competição tenham mudado muito, o triunfalismo dos organizadores, as polêmicas sobre os gastos e os atrasos nas obras se repetem.
Se hoje o governo afirma que esta será a "Copa das Copas", à época dizia-se que o Brasil faria o "maior campeonato do mundo". "Será o mais belo e o mais brilhante campeonato mundial que se realizará", disse o representante do Brasil na Fifa, Luís Aranha, à imprensa europeia.
A despeito da promessa, muita coisa ficou para a última hora. O Maracanã, que ainda era conhecido apenas como Estádio Municipal, foi inaugurado mesmo sem estar pronto, assim como ocorreu com o Itaquerão. Na abertura da Copa, havia lama e material de construção no entorno do estádio. A situação só não foi pior porque o Exército enviara, semanas antes, centenas de soldados para acelerar a obra.
Também houve pressão da Fifa --que reclamava da desconsideração dos brasileiros com a "importância da competição"-- e muitos questionamentos sobre os gastos. O então vereador Carlos Lacerda, por exemplo, dizia que a prioridade deveria ser erguer escolas, túneis e hospitais. O jornalista Mário Filho, que hoje dá seu nome ao Maracanã, respondia que a argumentação não passava de "demagogia barata".
Em 1947, um ano depois de o país ter sido escolhido para sediar a Copa, São Paulo enfrentou também protestos em razão de aumento na tarifa dos transportes. Revoltados, manifestantes promoveram um quebra-quebra que afetou quase um terço da frota --242 bondes foram depredados, e 94 ônibus, incendiados ou danificados. A tarifa foi reduzida.
Antes que alguém reclame de mau agouro, vale notar que todas as coincidências ocorreram fora dos gramados. Na dúvida, porém, não custa bater umas 20 vezes na madeira.
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