Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Volto ou não volto?

Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo
"Volto ou não volto?" Fico aqui no meu banheiro pensando, diante de espelhos sem-fim. Quantos Lulas refletidos ao infinito! É como se fosse um povo de lulas. Isso! Eu sou o povo. Sou um fenômeno de fé. Quanto mais me denunciam, mais eu cresço. Eu desmoralizei escândalos, vulgarizei alianças, subverti tudo, inclusive a subversão. Eu tenho o design perfeito para isso. "Lula" é um nome doce, carinhoso, familiar. "Lula" é fácil de entender. Agora, aqui sozinho, Mariza está dormindo, posso me analisar. Volto ou não volto?
Ai, que saudades das mãos da rainha Elizabeth - eu beijei sua mão com um vago perfume de verbena. Ai, que saudades dos tempos em que eu posava com outros presidentes, com o Obama me puxando o saco, dizendo que eu era o "cara". Como era bom ver intelectuais metidos à besta me olhando com fervor, me achando o símbolo do futuro, como se eu tivesse uma foice e um martelo na mão. Comi várias professoras da universidade; eu era um messias para elas, que nunca tinham visto um operário, a não ser o encanador de seus banheiros. E os banqueiros e os empresários que tinham medo de mim, mas se ajoelhavam por grana do BNDES, enchendo o partido com dinheiro para campanhas?
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