PAULO SILVA PINTO
CORREIO BRAZILIENSE -
Apoderar-se do que
pertence à sociedade é algo quase corriqueiro no país. Ainda que isso
possa se restringir à minoria dos brasileiros, afeta número
significativo de pessoas de todas as regiões, religiões e classes
sociais. Em bairros ricos, moradores esticam a cerca e incluem área que
deveria servir para qualquer um passar. Profissionais liberais se
recusam a pagar impostos. E rios e ruas são tratados como destino de
descarte.
Funcionários do Estado talvez não ajam de forma pior, nesse quesito, do que a média da humanidade e dos brasileiros. Mas certamente deveriam ser melhores. Afinal, sua função é servir ao público, defender o que é de todos. Muita gente, porém, acha que ser aprovada em concurso é receber uma capitania que, à diferença daquelas do Brasil colonial, são vitalícias, não hereditárias, e concedidas por mérito, não por influência ou amizade. Tal qual alguém investido de título de nobreza, o detentor do privilégio passa a se ver com mais direitos e menos deveres que os demais.
Reivindicar remuneração e condições de trabalho justas é certamente direito dos funcionários públicos, como trabalhadores que são. Mas a sociedade também tem o direito de julgar se os pedidos são razoáveis ou não. Conceitualmente, ninguém duvida disso. Porém, qualquer questionamento de um ponto específico, como o nível de remuneração ou a jornada de trabalho diferenciada, tende a ser desqualificado por funcionários do Estado que se sentem donos dos empregos - nem todos, repito.
Dentro dessa ideia de posse, alguns veem o local de trabalho como algo que pertence a si, ou ao seu grupo. Não são raras as situações em que servidores exigem o direito de escolher o chefe, em sistema de autogestão. O detalhe é que os recursos para sustentar a máquina vêm do contribuinte. Mas isso não incomoda: acham que o dinheiro dos impostos lhes pertence, que há uma dívida contratada.
A nova etapa da crescente conquista de espaço é a Copa do Mundo. Esse pessoal já decidiu que o evento não vai se realizar, ou vai ser bem pior do que poderia, se suas reivindicações não forem aceitas. É caso inédito de sequestro de bem público intangível, no qual foram investidos R$ 25,6 bilhões pelo governo federal. O que não percebem é que a paciência do contribuinte é cada vez menor. E cresce o número de pessoas que criticam os privilégios. Isso inclui bom número de funcionários públicos, que merecem, esses sim, o título de servidores.
Funcionários do Estado talvez não ajam de forma pior, nesse quesito, do que a média da humanidade e dos brasileiros. Mas certamente deveriam ser melhores. Afinal, sua função é servir ao público, defender o que é de todos. Muita gente, porém, acha que ser aprovada em concurso é receber uma capitania que, à diferença daquelas do Brasil colonial, são vitalícias, não hereditárias, e concedidas por mérito, não por influência ou amizade. Tal qual alguém investido de título de nobreza, o detentor do privilégio passa a se ver com mais direitos e menos deveres que os demais.
Reivindicar remuneração e condições de trabalho justas é certamente direito dos funcionários públicos, como trabalhadores que são. Mas a sociedade também tem o direito de julgar se os pedidos são razoáveis ou não. Conceitualmente, ninguém duvida disso. Porém, qualquer questionamento de um ponto específico, como o nível de remuneração ou a jornada de trabalho diferenciada, tende a ser desqualificado por funcionários do Estado que se sentem donos dos empregos - nem todos, repito.
Dentro dessa ideia de posse, alguns veem o local de trabalho como algo que pertence a si, ou ao seu grupo. Não são raras as situações em que servidores exigem o direito de escolher o chefe, em sistema de autogestão. O detalhe é que os recursos para sustentar a máquina vêm do contribuinte. Mas isso não incomoda: acham que o dinheiro dos impostos lhes pertence, que há uma dívida contratada.
A nova etapa da crescente conquista de espaço é a Copa do Mundo. Esse pessoal já decidiu que o evento não vai se realizar, ou vai ser bem pior do que poderia, se suas reivindicações não forem aceitas. É caso inédito de sequestro de bem público intangível, no qual foram investidos R$ 25,6 bilhões pelo governo federal. O que não percebem é que a paciência do contribuinte é cada vez menor. E cresce o número de pessoas que criticam os privilégios. Isso inclui bom número de funcionários públicos, que merecem, esses sim, o título de servidores.
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