Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A PROTESE DO PT NO SUPREMO

A prótese do PT no Supremo - de autoria de Guilherme Fiuza
Guilherme Fiuza é jornalista e autor de vários livros, entre eles “Meu Nome
não é Johnny”, adaptado para o cinema. Neste blog, trata de grandes temas da
atualidade, com informação e muita opinião principalmente sobre política.



(ÉPOCA – edição 747)


Os ministros do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli

são a prova viva de que a revolução companheira triunfará. Dois advogados
medíocres, cultivados à sombra do poder petista para chegar onde chegaram,
eles ainda poderão render a Luiz Inácio da Silva o Nobel de Química:
possivelmente seja o primeiro caso comprovado de juízes de laboratório. No
julgamento do mensalão, a atuação das duas criaturas do PT vem provar, ao
vivo, que o Brasil não precisa ter a menor inveja do chavismo.

Alguns inocentes chegaram a acreditar que Dias Toffoli se declararia

impedido de votar no processo do mensalão, por ter advogado para o PT
durante anos a fio. Participar do julgamento seria muita cara de pau,
dizia-se nos bastidores. Ora, essa é justamente a especialidade da casa.
Como um sujeito que só chegou à corte suprema para obedecer a um partido
iria, na hora h, abandonar sua missão fisiológica?

A desinibição do companheiro não é pouca. Quando se deu o escândalo do

mensalão, Dias Toffoli era nada menos do que subchefe da assessoria jurídica
de José Dirceu na Casa Civil. Os empréstimos fictícios e contratos fantasmas
pilotados por Marcos Valério, que segundo o processo eram coordenados
exatamente da Casa Civil, estavam portanto sob as barbas bolivarianas de
Dias Toffoli. O ministro está julgando um processo no qual poderia até ser
réu.

A desenvoltura da dupla Lewandowski-Toffoli, com seus cochichos em plenário

e votos certeiros, como na absolvição ao companheiro condenado João Paulo
Cunha, deixariam Hugo Chávez babando de inveja. O ditador democrata da
Venezuela nem precisa disso, mas quem não gostaria de ter em casa juízes de
estimação? A cena dos dois ministros teleguiados conchavando na corte pela
causa petista, como super-heróis partidários debaixo de suas capas pretas,
não deixa dúvidas: é a dupla Batman e Robin do fisiologismo. Santa
desfaçatez.

Já que o aparelhamento das instituições é inevitável, e que um dia seremos

todos julgados por juízes de estrelinha na lapela, será que não dava para o
estado-maior petista dar uma caprichada na escolha dos interventores? Seria
coincidência, ou esses funcionários da revolução têm como pré-requisito a
mediocridade?

Como se sabe, antes da varinha de condão de Dirceu, Dias Toffoli tentou ser

juiz duas vezes em São Paulo e foi reprovado em ambas. Aí sua veia
revolucionária foi descoberta e ele não precisou mais entrar em concursos –
essa instituição pequeno-burguesa que só serve para atrasar os visionários.
Graças ao petismo, Toffoli foi ser procurador no Amapá, e depois de advogar
em campanhas eleitorais do partido alçou voo à Advocacia-Geral da União –
porque lealdade não tem preço e o Estado são eles.

É claro que uma carreira brilhante dessas tinha que acabar no Supremo

Tribunal Federal.

O advogado Lewandowski vivia de empregos na máquina municipal de São

Bernardo do Campo. Aqui, um parêntese: está provado que as máquinas
administrativas loteadas politicamente têm o poder de transformar militantes
medíocres em grandes personalidades nacionais – como comprova a carreira
igualmente impressionante de Dilma Rousseff. Lewandowski virou juiz com uma
mãozinha do doutor Márcio Thomaz Bastos, ex-advogado de Carlinhos Cachoeira, que enxergou o potencial do amigo da família de Marisa Letícia, esposa do bacharel Luiz Inácio.

Desembargador obscuro, sem nenhum acórdão digno de citação em processos

relevantes, Lewandowski reuniu portanto as credenciais exatas para ocupar
uma cadeira na mais alta esfera da Justiça brasileira.

Suas diversas manobras para tumultuar o julgamento do mensalão enchem de

orgulho seus padrinhos. A estratégia de fuzilar o cachorro morto Marcos
Valério, para depois parecer independente ao inocentar o mensaleiro João
Paulo, certamente passará à antologia do Supremo – como um marco da nova
Justiça com prótese partidária.

O julgamento prossegue, e os juízes do PT no STF sabem que o que está em

jogo é a integridade (sic) do esquema de revezamento Lula-Dilma no Planalto.
Dependendo da quantidade de cabeças cortadas, a platéia pode começar a
sentir o cheiro dos subterrâneos da hegemonia petista.

Batman e Robin darão o melhor de si. Olho neles.

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