“De poste em poste, vamos iluminar o Brasil inteiro”, disse Lula num comício. Será?
O PT não sai das eleições de passaporte
carimbado para a hegemonia, mas sai como principal força política do
país, tanto em votos como em reconhecimento da legenda.
O projeto petista de hegemonia tem
elementos perniciosos: estatização da economia, aparelhamento da máquina
do governo, controle da mídia, menosprezo pela lei em nome dos
objetivos do partido.
Felizmente, também tem limites: mídia e
Judiciário independentes, aliados reticentes, alguma oposição
articulada, pouco fôlego gerencial e financeiro do Estado para liderar
uma economia complexa e internacionalizada.
Já a consolidação do PT como força
política não me tira o sono. Ela é um desdobramento da democratização do
país. Não entendo democracia sem primado da lei e divisão de poderes,
mas tampouco entendo sem ascensão da base da sociedade. Disso Lula e
seus companheiros são uma expressão contraditória –”impura”, mas
vigorosa.
O resultado destas eleições não antecipa o das nacionais, mas mexe no cacife dos principais atores.
Uma vitória em São Paulo reforçará o
comando de Lula sobre o PT. Isso pode ser um bônus ou um ônus ao
partido, dependendo de como digiram a condenação dos petistas pelo
mensalão. Se Lula se enroscar no assunto, o ônus aumenta. Desde que a
oposição faça sua parte.
No campo da oposição, Aécio Neves sai
fortalecido, não tanto pela votação do PSDB, mas pelo êxito das alianças
com o PSB. Êxito ambíguo, já que o crescimento do PSB aumenta a chance
de uma candidatura presidencial de Eduardo Campos. São duas hipóteses de
alternância no poder, em todo caso.
Se a economia chegar bem em 2014, a
reeleição de Dilma Rousseff é mais provável. Além de sorte na conjuntura
externa, ela precisará de virtude para domar seu estatismo e pressões
corporativas de sua base.
Desse ponto de vista, o pior inimigo do PT pode ser seu próprio projeto de hegemonia ancorado no Estado.
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