Barbosa acusa Lewandowski de defender Marcos Valério no STF
Em mais um bate boca travado durante o julgamento do mensalão, o relator do processo, Joaquim Barbosa, acusou o revisor, Ricardo Lewandowski, de advogar para o empresário considerado operador do esquema, Marcos Valério. A discussão começou quando Barbosa citou um artigo sobre o mensalão
na imprensa americana, que chamou de risível o sistema jurídico
brasileiro. "Um homem que fez o que fez para o Estado brasileiro é
condenado a 3 anos. Não cumprirá três meses", disse, ao criticar a pena
imposta por Lewandowski para Valério pelo crime de corrupção ativa, que
foi acatada pela maioria dos ministros. ...
O revisor rebateu e perguntou se Barbosa não estava somando as penas,
já que Valério foi condenado a mais de 11 anos de prisão na sessão de
terça-feira. "Mas ele não vai cumprir essa pena isoladamente. Ele vai
cumprir uma pena que passa de uma década. Vossa excelência considera
pouco?", perguntou o revisor.
"Vossa excelência advoga para ele?", questionou Barbosa. "E vossa
excelência é da promotoria?", devolveu Lewandowski. "Ele está sempre
defendendo (o réu)!", exclamou Barbosa quando outros ministros tentaram
acalmar a situação.
"Nós temos que saber desde logo que quando aplicamos as leis crime por
crime a quanto vai ficar a nossa pena, para ficarmos dentro dos
parâmetros da razoabilidade. Nós estamos tratando da liberdade de um
cidadão brasileiro", afirmou Lewandowski.
O ministro Luiz Fux ponderou: "tem que só explicar que quem responde a muitas penas responde a muitos crimes".
Ao final da discussão, Barbosa disse que apenas "não concordava com a
integralidade do sistema jurídico brasileiro". Lewandowski respondeu que
os ministros devem apenas aplicar a lei. "Ah, bom, mas vivemos no
Brasil. Então temos de mudar de lado e ir para o Congresso Nacional
mudar a lei, porque nós temos que aplicar a lei", disse.
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou
como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e
ex-presidente do PT José Genoíno, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares,
e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por
formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por
corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da
República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com
isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três
anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP,
morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do
suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus
sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das
funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles
respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção
ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José
Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados
por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O
publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a
ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro
da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por
peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique
Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo
por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia
inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o
próprio delator, Roberto Jefferson.
Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações
finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes.
Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do
irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
Fonte: Terra -
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