por José Fucs O Estado de São Paulo
Desde que eu me entendo por gente, aprendi com meu pai, o velho Efraim, que infelizmente se foi em 2012, aos 89 anos, a reconhecer os meus erros. Ele me ensinou que errar faz parte da vida e que assumir a responsabilidade pelos nossos equívocos, em vez de tentar escamoteá-los, é sempre o melhor caminho a trilhar, para poder superar os problemas que possam causar.
Talvez, por isso, para mim, seja tão difícil aceitar situações em que os erros são jogados para baixo do tapete – e, no Brasil de hoje, nada simboliza mais essa postura covarde do que a negação por parte do PT e de seus líderes, contra todas as evidências, do papel que desempenharam na “industrialização” da corrupção no País.
Num descarado atentado contra a inteligência dos brasileiros, o PT e seus milicianos não apenas negam qualquer responsabilidade nos malfeitos, hoje amplamente reconhecida pelo público, como glorificam os seus corruptos de estimação, considerados “guerreiros do povo brasileiro”, que agiram em defesa de uma causa considerada “revolucionária”.
Lula e seus ventríloquos se recusam a avalizar qualquer tipo de discussão da questão, para que o partido possa pagar suas penitências e se voltar para o futuro, se é que ele existirá, depois de tantas denúncias de que foi alvo após assumir o poder, em 2003, com uma plataforma de defesa da moralidade digna de Madre Teresa de Calcutá.
No início de junho, a senadora Gleisi Hoffmann – alçada à presidência do partido, apesar de ser ré em ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo recebimento de propina do petrolão – reafirmou, sem a menor cerimônia, que o partido não tem intenção de realizar qualquer autocrítica sobre a sua participação em escândalos de corrupção nos últimos anos. “Não somos organização religiosa, não fazemos profissão de culpa, tampouco nos açoitamos”, disse. “Não vamos ficar enumerando os erros que achamos para que a burguesia e a direita explorem nossa imagem.”
Provavelmente, o PT é o primeiro partido político do mundo a exaltar líderes partidários envolvidos em escândalos de corrupção, com o apoio de suas milícias, e a se negar a fazer a autocrítica de seus crimes. Até os regimes comunistas da extinta União Soviética e da China passaram por um processo de avaliação de seus erros, ainda que correndo o risco de impulsionar as críticas da “burguesia”, depois da morte dos ditadores Josef Stálin e Mao Tsé Tung, responsáveis pelo assassinato de milhões de cidadãos inocentes por “desvios” ideológicos.
As (poucas) lideranças do PT que ousaram criticar as práticas do partido e pregaram a sua “refundação”, como Olívio Dutra e Tarso Genro, ex-governadores do Rio Grande do Sul, caíram em desgraça, como costumava acontecer com os velhos comunistas que perdiam espaço no Partidão nos tempos do “centralismo democrático” de orientação soviética.
Talvez, como na União Soviética de Stálin e na China de Mao, o PT só faça a autocrítica na próxima geração, depois da morte de Lula e de outros líderes do partido hoje. Resta saber quem será o seu Nikita Kruschev ou o seu Deng Xiaoping, os líderes que sucederam Stálin e Mao e assumiram os crimes bárbaros que eles cometeram em nome da construção do comunismo.
EXTRAÍDADEROTA2014BLOGSPOT
0 comments:
Postar um comentário