Ronaldo Conde
Nos anos 1980, fui presidente da Associação dos Servidores do CNPq. Ajudei a criar o Sindsep, que seria o sindicato dos servidores públicos do Distrito Federal. Era um sindicato dominado pelas diferentes tendências do PT – mas, tudo bem, naquele tempo o PT tinha outro discurso e vendia a imagem de partido sério e ético. Ajudei a constituição do Sindsep política e financeiramente. Não me arrependo, era a minha obrigação. Na época, eu era do PDT, partido que eu ajudei a criar – e que hoje, sem Brizola, Darcy, Doutel de Andrade, Brandão Monteiro e outros, todos falecidos, transformou-se numa lata de lixo, tal como aconteceu com o PT, sob o tacão de um aventureiro chamado Lupi ou coisa parecida.
Bem, nos anos 1980 estávamos felizes. Fizera-se a abertura, pensava-se numa Constituinte, em eleições diretas – o Brasil, mais uma vez, parecia que ia dar certo. Nós, do PDT, elegêramos o Brizola, o que, para nós, era mais que um êxito político: era a oportunidade de, mais adiante, eleger o gaúcho presidente da República.
CONTRA A CLT – Na época, fomos procurados pelo pessoal do Sindsep (em fase de constituição) e nos espantava o quanto eles se opunham à CLT, que afirmavam ter sido inspirada na Carta del Lavoro, documento fascista, imposto ao povo italiano por Benito Mussolini. Durante nossos papos, eu insistia que a CLT era um documento positivista, nada tendo a ver com a Carta del Lavoro. Eu argumentava que a CLT tinha sido um avanço e garantira direitos aos trabalhadores. Os condestáveis do Sindsep riam de mim. Paciência.
Era inútil. A rapaziada do PT, tendo seus líderes nacionais (Lula, Dirceu, o bigodudo do Rio Grande do Sul, Jacó Bitar) como guias, não perdiam chance de atacar a CLT – segundo eles, produto do “ditador fascista” Getúlio Vargas, que a criara para anestesiar a consciência do povo, de um lado, e para atrelar a classe operária ao Estado burguês/patronal, de outro. O Sindsep era absolutamente contrário ao imposto sindical, arma dos sindicatos pelegos subordinados aos patrões e fonte da mais deslavada corrupção. O Sindsep defendia uma contribuição mensal, definida pelo próprio trabalhador, segundo suas possibilidades. Imposto sindical era coisa de pelego – proclamavam.
POSE DE GANGSTER – Quando voltou do exílio, Brizola fez questão de ir a São Bernardo conhecer Lula, que o recebeu sentado, com os pés trançados sobre a mesa, numa pose típica de gangster. Lula, sempre mal educado e vulgar, sequer levantou-se para cumprimentar o visitante. Durante o encontro, Lula postou-se com absoluta arrogância e atacou Getúlio Vargas, chamando-o de “mãe dos ricos e dos banqueiros”. Brizola foi embora decepcionado. Brizola contou-me isto na casa do então governador Cristovam Buarque – e disse: “Lula pensa que a história começou com ele”.
Então, reparem: o PT sempre foi contra a CLT, o imposto sindical, o FGTS – e agora, para justificar o que fez no país, destroçando-o moral, política e economicamente, afirma que a CLT foi uma conquista do povo brasileiro que o presidente Temer quer liquidar. É um partido arrivista, pois sabe que está dizendo uma baita mentira: a reforma trabalhista, recém-aprovada, não tira um único direito dos trabalhadores. Leiam a lei e textos a respeito – e não digam besteiras.
Lula chegou ao ponto de se comparar a Getúlio Vargas, a quem, tempos atrás, ele chamava de “fascista”, “mãe dos ricos e banqueiros”. É um inconsequente. Será condenado. (artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)
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