APÓIO RODRIGO DELMASSO DEPUTADO DISTRITAL 19123
Testemunha que está negociando delação premiada detalha envolvimento de cinco empresas no esquema.
Mais um acordo de delação premiada
em negociação na Operação Lava-Jato promete revelar detalhes de como os
doleiros utilizavam corretoras para fazer remessas ilegais ao exterior.
Luccas Pace Junior, braço-direito da doleira Nelma Kodama, afirmou em
depoimento à Polícia Federal que os doleiros pagavam 2% a título de
comissão a corretoras para fechar volumosas operações de dólar à vista
para pagamento de importações fictícias...
Pace Junior apontou cinco corretoras que fecharam negócios com
doleiros: TOV, Levycam, Guitta, Renova e Fair. Ele disse que 80% das
operações feitas por meio de empresas de fachada a serviço de Nelma
foram fechadas com a TOV. E a TOV não foi usada apenas por Nelma. A
corretora teria ainda fechado operações no valor de R$ 283 milhões para
empresas vinculadas ao esquema do doleiro Alberto Youssef e do
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que sangrava obras da
estatal.
A TOV afirma que a informação de Pace Junior é equivocada, pois o ganho
da corretora na operação de câmbio à vista acontece apenas na taxa de
dólar negociada com o cliente. No mercado financeiro, a informação é que
as corretoras cobram também uma taxa de corretagem, que gira entre
0,18% e 0,20% do valor da operação. A advogada da TOV, Carla Domenico,
afirmou que as documentações das empresas eram legais e idôneas e que,
em nenhum momento, a corretora soube que alguma delas tinha vínculo com a
doleira Nelma.
— Apenas depois de dois anos de investigação é que a Polícia Federal
descobriu que as empresas estavam vinculadas a essa senhora. A TOV
realizou todos os procedimentos dentro das normas de compliance —
afirmou a advogada.
Nesta quinta-feira, Pace Junior começa a detalhar os termos da delação
premiada com a Procuradoria Geral da República. Caso seja fechada a
colaboração, até agora voluntária, ele poderá repassar informações que
vão além do esquema da Petrobras e levam às operações da doleira. O
centro dos negócios era no município de Santo André, no ABC paulista,
onde o prefeito Celso Daniel, do PT, foi assassinado.
Era Pace Junior quem operava as remessas e determinava o destino do
dinheiro colhido por Nelma. Também comandava o esquema de obtenção de
empresas de fachada, que consistia em verificar empresas desativadas mas
com cadastro ainda ativo na Junta Comercial e repassá-las a laranjas.
Na lista de empresas usadas para remessas ilegais comandadas pela
doleira estão Império Import, Da Vince, Eqmed, Greta Comercio e
Confecções, Mesuma e Três Irmãs.
Outros investigados pela Lava-Jato também falaram sobre a TOV. O
funcionário do Banco do Brasil Rinaldo Gonçalves Carvalho afirmou, em
depoimento à Justiça, que a movimentação de uma das empresas, a Império,
era expressiva e variava de R$ 600 mil a R$ 1 milhão por dia — algumas
vezes, ultrapassava R$ 1 milhão. Segundo o bancário, o dinheiro entrava
na conta da empresa no início da manhã e no meio da tarde era fechado o
câmbio.
Normalmente, as operações entre empresas são feitas com transferências
bancárias. Segundo Carvalho, a movimentação da Império para a TOV era
feita por meio de cheques. “Eles levavam cheques para fazer
transferência para uma empresa chamada TOV, que faz o fechamento de
câmbio para eles. Então, entra o dinheiro de manhã e, no final do dia,
eles levam os cheques para fechar o câmbio”, contou Carvalho à Justiça.
A advogada da TOV afirmou que normalmente as operações são feitas por
transferência e que as informações já foram prestadas às autoridades.
As corretoras que operavam com Nelma também prestaram serviços para o
doleiro Alberto Youssef. Uma delas foi a Levycam, que admitiu ter feito
seis operações de câmbio, no valor total de US$ 800 mil, com a Labogen,
usada por Youssef para remessas ilegais ao exterior. A Levycam afirmou
que a Labogen apresentou toda a documentação cadastral da empresa e dos
sócios exigida, inclusive com a comprovação de origem dos valores a
serem investidos, e teve sua sede em Indaiatuba (SP) visitada. A
corretora bloqueou operações de câmbio com a Labogen quando pediu as
Declarações de Importações comprovando o efetivo desembaraço das
mercadorias no território nacional e não recebeu. As corretoras Renova,
Guitta e Fair foram procuradas pelo GLOBO, mas não retornaram.
Fonte: Por CLEIDE CARVALHO, O Globo
FONTE BLOGDOSOMBRA
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