VOTO EM AÉCIO 45 PRESIDENTE
Por Vinicius Sassine, Eduardo Bresciani e Luiza Damé, no Globo:
Documentos obtidos pelo GLOBO revelam que a presidente Dilma Rousseff foi informada em 2009 sobre “indícios de irregularidades graves” nas obras da refinaria Abreu e Lima, quando era ministra da Casa Civil. Na época, ela pediu para a Controladoria Geral da União (CGU) apurar o caso, mas o processo acabou arquivado sem punir ninguém.
Documentos obtidos pelo GLOBO revelam que a presidente Dilma Rousseff foi informada em 2009 sobre “indícios de irregularidades graves” nas obras da refinaria Abreu e Lima, quando era ministra da Casa Civil. Na época, ela pediu para a Controladoria Geral da União (CGU) apurar o caso, mas o processo acabou arquivado sem punir ninguém.
A CGU
apenas requereu informações da Petrobras sobre os indícios de
superfaturamento apontados em auditorias do Tribunal de Contas da União
(TCU) e mandou o processo ao arquivo em janeiro de 2014, sem qualquer
avanço. Outro processo havia sido arquivado pela CGU em 2012. Ontem, o
Palácio do Planalto afirmou ao GLOBO que a CGU “acompanha” as
deliberações do TCU e as providências adotadas pela Petrobras.
A CGU deu
duas justificativas para arquivar o processo que tem como origem
informações levadas a Dilma. A primeira foi o “avanço físico” das obras
em Pernambuco, com 80% da refinaria construída até o dia do
arquivamento. A outra foi uma nota informativa elaborada pela área
técnica da CGU responsável por acompanhar os processos da Petrobras.
Na nota,
consta a informação de que a CGU tem apenas três servidores — “incluindo
o chefe de divisão” — para planejar e executar ações de controle da
Petrobras, da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e da Secretaria de
Petróleo do Ministério de Minas e Energia. Por isso, auditorias em obras
como Abreu e Lima não recebem prioridade, diz a área técnica. O
documento foi elaborado em 7 de janeiro de 2014. O arquivamento do
processo ocorreu dois dias depois.
Em
campanha pela reeleição, Dilma adotou o discurso de que precisa ter
acesso às denúncias do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa,
preso no Paraná, para adotar medidas administrativas. Também costuma
exaltar o trabalho da CGU, que passa por uma crise de desinvestimento e
falta de pessoal, exposta pelo próprio ministro, Jorge Hage. O esquema
de Costa passava por contratos de Abreu e Lima. Quando teve a
oportunidade de investigar, o governo de Dilma em nada avançou.
Terraplenagem
A suspeita de irregularidades graves informada à então ministra se referiam a um dos primeiros apontamentos feitos pelo TCU, ainda na fase de terraplenagem. O consórcio de empreiteiras responsável teria se beneficiado de um superfaturamento de R$ 59 milhões, segundo auditoria. O TCU enviou ofícios tanto para o presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, senador Fernando Collor (PTB-AL), quanto para a ministra Dilma, em julho de 2009. Em agosto do mesmo ano, Collor enviou ofício a Dilma sobre o tema. No mês seguinte, a Casa Civil repassou o caso à CGU para a abertura de processo. O arquivamento ocorreu em janeiro de 2014. Com a polêmica sobre o voto favorável de Dilma à compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e novas denúncias contra a estatal, a CGU desarquivou o caso em 15 de maio. Não se sabe qual encaminhamento foi dado desde então.
A suspeita de irregularidades graves informada à então ministra se referiam a um dos primeiros apontamentos feitos pelo TCU, ainda na fase de terraplenagem. O consórcio de empreiteiras responsável teria se beneficiado de um superfaturamento de R$ 59 milhões, segundo auditoria. O TCU enviou ofícios tanto para o presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, senador Fernando Collor (PTB-AL), quanto para a ministra Dilma, em julho de 2009. Em agosto do mesmo ano, Collor enviou ofício a Dilma sobre o tema. No mês seguinte, a Casa Civil repassou o caso à CGU para a abertura de processo. O arquivamento ocorreu em janeiro de 2014. Com a polêmica sobre o voto favorável de Dilma à compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e novas denúncias contra a estatal, a CGU desarquivou o caso em 15 de maio. Não se sabe qual encaminhamento foi dado desde então.
Outro
processo sobre a refinaria teve tramitação semelhante na CGU. Em 2010, o
então presidente da Comissão Mista de Orçamento, senador Vital do Rêgo
(PMDB-PB), repassou ao governo informações sobre irregularidades
apontadas pelo TCU. Dois anos depois, foi tudo ao arquivo. Assim como no
outro caso, em maio último o processo foi desarquivado. O órgão de
controle da Presidência tem demorado a levar adiante investigações. No
caso de Pasadena, a CGU abriu investigação em dezembro de 2012. Trocou
correspondências com a Petrobras por seis meses, e o processo ficou
parado até abril de 2014, quando foi apensado a um novo.
O Palácio
do Planalto afirmou que a CGU tem investigações em andamento sobre a
Petrobras. Em relação à refinaria de Pasadena, diz que o relatório está
“em conclusão” e poderá resultar “na apuração de responsabilidades de
agentes públicos e empresas”. Sobre Abreu e Lima, afirmou apenas que a
CGU “acompanha as deliberações do TCU em relação às obras e as
providências adotadas pela Petrobras”. O Planalto destacou que há
investigações em andamento sobre a atuação da Petrobras em “diversas
frentes”.
Em nota, a
CGU informou que os processos que instaurou em 2009, 2012 e 2013 não
eram auditorias. Os processos, segundo a CGU, foram abertos apenas para
monitorar o atendimento pela Petrobras do que fora determinado pelo
TCU. “Em razão da elaboração de novos acórdãos do tribunal em 2013, a
CGU arquivou os processos de monitoramento anteriores (por estarem
desatualizados) e autuou novos processos, incorporando o diagnóstico
atualizado do TCU. Assim, não houve prejuízo para o trabalho de
monitoramento feito pela CGU ou perda de continuidade no objeto
pretendido”, diz a nota.
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