VOTE EM AÉCIO NEVES 45 PARA PRESIDENTE
editorial do Estadão
Quando apresentou Dilma Rousseff como candidata a sua sucessão nas
eleições de 2010, Luiz Inácio Lula da Silva vendeu aos eleitores a
imagem de uma gerente eficientíssima, a quinta-essência da competência
administrativa, a verdadeira "mãe do PAC", o Programa de Aceleração do
Crescimento, pacote de realizações nunca antes imaginadas na história
deste País. Como base daquela campanha eleitoral, Dilma apresentou um
programa criado para chamar de seu, o PAC 2. Quatro anos depois, apenas
15,8% das realizações prometidas em 2010 foram concluídas, 38,6%
continuam em execução e 45,6% - quase a metade - permanecem no papel.
Conclusão inescapável: o governo não funciona, é ineficiente, incapaz de
cumprir satisfatoriamente até seus programas prioritários.
Esse fenômeno, definido como crise de Estado pelo professor José Arthur
Giannotti em entrevista publicada pelo Estado no domingo (14/9),
"acontece quando você decide em cima e a decisão não chega embaixo. E o
Estado, dessa forma, não funciona. Já temos uma crise de decisão. Ela
continua se Dilma ou Marina vencerem".
Na opinião do professor emérito de Filosofia da USP, essa crise tenderá a
se agravar no caso da reeleição de Dilma porque "o PT e particularmente
o Lula vão interferir muito mais no governo", assim como, na hipótese
da eleição de Marina, esta terá de superar o desafio de "encontrar uma
nova funcionalidade" para substituir esta "base aliada enorme que
destruiu o Estado para ser construída e criou 39 ministérios", dos quais
"nem a Dilma lembra mais quais são os ministros".
Esse é o resultado do completo aparelhamento da máquina governamental
promovido pelo lulopetismo - por ironia, a pretexto de garantir a
"governabilidade" - com o único propósito de criar condições para sua
perpetuação no poder.
De fato, o que se pode esperar, em termos de eficiência, de um governo
cujos cargos técnicos, em todos os níveis, são preenchidos para atender
aos interesses políticos dos partidos que integram a "base aliada" em
vez de levar prioritariamente em consideração a qualificação
profissional e a idoneidade moral dos nomeados?
Obras do governo não são tocadas por funcionários públicos, mas por
empreiteiras que, obviamente, procuram maximizar lucros. A
responsabilidade dos funcionários do governo é agir com base nos mais
rigorosos critérios de preservação do interesse público em todas as
fases do processo de preparação e execução de um projeto, desde o edital
e a preparação dos necessários contratos até a fiscalização das obras.
Ora, não se pode esperar que apaniguados políticos, cujo maior, se não
único, mérito é usar uma estrela vermelha na lapela, sejam capazes de
questionar competentemente aspectos técnicos ou orçamentários de
projetos apresentados por empreiteiras mais do que experientes em
negociar com o poder público. E seria ingenuidade imaginar, diante das
evidências diariamente expostas na mídia, que os mais elevados padrões
éticos sempre predominem nessas negociações.
Não foi por outro motivo que, durante seu governo, Lula se queixava
sempre da atuação do Tribunal de Contas da União, que considerava
extremamente rigorosa na fiscalização dos contratos para a realização de
obras públicas.
Não foram Lula e o PT que inventaram a corrupção. Na verdade, o combate a
ela sempre foi uma de suas principais bandeiras antes de chegarem ao
Palácio do Planalto. A corrupção é produto do patrimonialismo
historicamente predominante nas instituições governamentais desde os
tempos coloniais. O lulopetismo tem apenas dedicado seus 12 anos no
poder a aprimorar em benefício próprio os métodos da corrupção, como o
demonstram, com uma estarrecedora clareza, o processo do mensalão e,
agora, o escândalo da transformação da Petrobrás em fonte de recursos a
serviço dos interesses políticos de PT e aliados.
E o mais trágico - o fenômeno diagnosticado pelo professor Giannotti do
qual Dilma já deve estar se dando conta - é que esse verdadeiro poder
invisível entranhado na máquina governamental tende a adquirir vontade
própria. Ou seja: a decisão que se toma embaixo não é sempre,
necessariamente, a que vem de cima.
FONTE - ROTA 2014
0 comments:
Postar um comentário