APÓIO E VOTO EM RODRIGO DELMASSO DEPUTADO DISTRITAL 19123
Autor: Rolf Kuntz
Rolf Kuntz
Autor: Rolf Kuntz
Tolerância
é a grande marca da candidata Dilma Rousseff: tolerância à inflação, ao desarranjo
das contas públicas, à estagnação da economia brasileira, aos desaforos dos
parceiros bolivarianos e pro-bolivarianos e, é claro, ao terrorismo
internacional. Depois do humilhante desempenho de sua chefe em Nova York, o
chanceler Luiz Alberto Figueiredo tentou limpar o vexame. Não houve sugestão,
segundo ele, de diálogo com o Estado Islâmico. De acordo com o ministro, a
presidente propôs diálogo “no âmbito da comunidade internacional” para solução
dos problemas da Síria e do Iraque. O esforço do diplomata foi inútil. Não
havia como desmentir o óbvio. Depois de lamentar “enormemente” os bombardeios,
a presidente recomendou a busca do entendimento entre os “dois lados”. Talvez
por falha de comunicação, ou por diferença de fuso horário, um dos “lados” estava
ocupado em cortar a cabeça de mais um refém. O decapitado foi um francês,
porque o destinatário principal da mensagem, nesse caso, era a França. O
presidente François Hollande talvez devesse ter dialogado. Mas dialogar, nesse
caso, significaria obedecer.
As demais
tolerâncias da presidente Dilma Rousseff, a começar pela tolerância aos
próprios erros, também foram expostas em sua passagem pelos Estados Unidos.
Apresentando-se como chefe de Estado e de governo, mas agindo principalmente
como candidata, ela aproveitou seu discurso na ONU e o contato com a imprensa
para alardear os feitos da administração petista e condenar qualquer ensaio de
seriedade no combate à inflação e a outros problemas, nunca plenamente
reconhecidos, da economia brasileira.
Nova York
foi apenas um palanque especial para a campanha. Lá, como no Brasil, a
candidata continuou falando sobre a inflação como se a variação dos preços
nunca tivesse ficado acima da meta, isto é, acima de 4,5%, e a gestão das
contas públicas fosse a mais prudente e austera. Na mesma semana foi anunciado
o uso de R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano para fechar as contas de 2014. A
ideia foi logo defendida pela candidata, mas criticada até por funcionários da
equipe econômica. O uso desse dinheiro, argumentam esses críticos, envolverá a
venda – com a consequente desvalorização – de grande volume de ações do Banco
do Brasil. Mas essa discussão só ocorre porque faltou no governo o debate,
muito mais importante, sobre como cuidar direito das contas públicas.
A
arrecadação de agosto, embora anabolizada com R$ 7,13 bilhões do Refis – o
programa de refinanciamento de dívidas tributárias – foi insuficiente para
mudar o panorama fiscal. A arrecadação de janeiro a agosto, R$ 771,79 bilhões,
foi apenas 0,64% maior que a de igual período de 2013, descontada a inflação.
Há alguns meses o pessoal da Receita ainda projetava um crescimento real de 3%
neste ano. Agora se estima 1% e esse resultado ainda vai depender de mais
anabolizantes, como novos pagamentos do Refis, dividendos, bônus de concessões
e até o dinheiro do Fundo Soberano.
O fiasco
da arrecadação é explicável em boa parte pelo baixo nível de atividade
econômica. Ao divulgar os valores acumulados em oito meses, o pessoal da
Receita chamou a atenção, em seu relatório, para alguns dos “principais
fatores”. De janeiro a agosto a produção industrial foi 2,7% menor que a de um
ano antes. As vendas de bens e serviços, no varejo, 0,09% inferiores. O valor
das importações, em dólares, 1,2% mais baixo que o dos mesmos oito meses de 2013.
Sem poder
negar esses e outros números muito ruins, a presidente Dilma Rousseff e seus
ministros atribuem a paradeira econômica do Brasil à situação internacional. Em
outras palavras, os problemas vêm de fora, porque o governo cuida muito bem da
economia nacional. Mas também essa conversa é desmentida seguidamente pelos
fatos. A economia americana cresceu no segundo trimestre em ritmo equivalente a
4,6% ao ano. Além disso, o produto interno bruto (PIB) do período de abril a
junho foi 2,9% maior que do mesmo trimestre do ano anterior. As economias
peruana, colombiana e chilena continuam com desempenho muito melhor que o da
brasileira, apesar de alguma desaceleração – e todas com inflação muito menor.
Nem é preciso citar os casos da China e de outras potências da Ásia.
Nem o
governo federal projeta para este ano um crescimento econômico acima de 0,9%.
Esse número foi divulgado há poucos dias pelo Ministério do Planejamento,
juntamente com a revisão de receitas e despesas orçamentárias do quarto
bimestre. No mercado, a projeção do aumento do PIB já havia caído para 0,3%.
A
inflação, depois de hibernar por alguns meses, saiu novamente da toca. Na
sexta-feira o IBGE divulgou sua nova pesquisa do Índice de Preços ao Produtor
(IPP). O aumento, em agosto, foi de 0,48%. Foi a primeira alta desde fevereiro.
A elevação acumulada em 12 meses é pequena, 2,5%, mas a aceleração é clara e já
havia sido indicada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em sua coleta dos preços
por atacado. A reação dos preços ao consumidor também é evidente. Nas quatro
últimas coletas, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), também da
FGV, passou por 0,12% em 31 de agosto e 0,21%, 0,39% e 0,43% nas pesquisas
seguintes. Os números são atualizados semanalmente, mas sempre com base num período
equivalente a um mês. O IPCA-15, prévia do índice oficial produzido pelo IBGE,
bateu em 0,39% no período encerrado no meio de setembro. Em 12 meses a alta
acumulada chegou a 6,62%.
A
candidata continua recusando, no entanto, qualquer ação séria para conter a
alta de preços. Ações sérias poderiam incluir uma administração melhor das
contas públicas, com menor gastança e menor distribuição de benefícios fiscais
e subsídios. Em caso de necessidade, o Banco Central poderia elevar os juros
básicos, mantidos em 11%. A presidente rotula essas políticas como recessivas.
É uma fala surrealista, num cenário de estagnação com inflação. Mas há quem
pareça acreditar.
Fonte: O
Estado de São Paulo,
FONTE
DIPLOMATIZZANDO
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