Paulo Roberto de Almeida
Pessoas normais são influenciadas pelo que leem,
ouvem, veem, sobretudo na televisão, e agora, crescentemente, nos meios
digitais de comunicação e de informação. Daí a importância da propaganda e da
publicidade (as duas não devem ser confundidas) na formação de imagens,
conceitos, de opiniões.
O PT, partido formado em boa parte por quadros
conscientes dos efeitos da propaganda política sobre as grandes massas,
aprendeu, desde sempre, a importância de dispor de uma eficiente máquina de
propaganda (e não tanto de publicidade, pelo menos não a verdadeira) para obter
vitórias políticas e eleitorais.
O que se assistiu, na última década (mais
exatamente nos últimos doze anos) foi a uma campanha maciça de propaganda
destinada justamente a enaltecer os feitos dos governos lulo-petistas,
servindo, paralelamente, para ampliar os recursos do partido com oportunidades
inéditas de faturamento semilegal, como evidenciado em diversos casos de
contratações suspeitas ou claramente superfaturadas.
Uma comparação dos gastos “publicitários” dos
governos anteriores com os recursos mobilizados e executados sob os governos
lulo-petistas revelaria, justamente, um crescimento exponencial desses gastos,
muito acima do simples crescimento do PIB, bem mais do que a inflação e até
superiores ao aumento – já por si exagerado – dos gastos públicos em geral,
todos eles em escala ascendente. A população brasileira não tem consciência da
evolução especialmente exorbitante desses gastos, e certamente se espantaria se
lhe fosse apresentada uma tabela comparando, por exemplo, a expansão da
propaganda indevida – que se tenta disfarçar como publicidade governamental –
com o crescimento (ou até a diminuição relativa) das despesas em saúde,
educação, transportes ou segurança pública.
A realidade desses setores é amplamente negativa,
como revelado nas manifestações espontâneas da classe média (nova ou velha, não
importa muito agora) de junho de 2013, mas a percepção que a população tem do
governo e dos governantes é sem dúvida, amplamente mais favorável do que
deveria ser, fruto, justamente, da intensa propaganda feita em favor desses
governos, pelos próprios. Essa percepção é parte tornada ainda mais distante da
realidade por obra de uma classe de jornalistas amplamente favorável ao
governo, o que também é fruto de anos e anos de uma formação deficiente nas
faculdades de jornalismo, maciçamente dominadas por uma ideologia antimercado e
pró-intervenção do Estado na economia.
Esses dois fatores básicos – gastos excessivos em
propaganda governamental e atitude favorável de repórteres e jornalistas –
explicam a grande distância entre a boa imagem do governo e o seu péssimo
desempenho na maior parte dos gastos públicos. O esforço governamental,
sobretudo partidário, continua de forma ainda mais intensa, e deve produzir
resultados eleitorais compatíveis com os recursos investidos. Como se diz na
linguagem publicitária, a propaganda é a alma do negócio. Nunca antes na
história do Brasil o negócio político vendeu sua alma para assegurar a
continuidade de um poder construído em grande medida sobre a base de imagens
falsas.
Provavelmente, como também se acredita no meio
político, as percepções são mais importantes do que os fatos. E não existe
nenhuma dúvida de que as versões mais frequentes são aquelas apoiadas na
propaganda mais intensa. Recursos não faltam para isso, ao que parece...
Paulo Roberto de Almeida
FONTE DIPLOMATIZZANDO
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