Desde setembro, quando lei que destina 50% desses recursos para educação e saúde foi sancionada, R$ 600 milhões estão acumulados. Áreas não podem receber verba até que fundo, criado há quatro anos, seja regulamentado.
A vitória dos movimentos que comemoraram a destinação de 50% dos
recursos do Fundo Social do Pré-sal e dos royalties do petróleo para a
educação e a saúde ainda não saiu do papel. Na prática, o dinheiro
arrecadado desde setembro, quando a lei 12.858 foi sancionada, ainda não
pode ser destinado às duas áreas. Ao todo, cerca de R$ 600 milhões que
financiaram projetos dos dois setores estão à espera da regulamentação
do fundo social.
Criado há quatro anos, pela Lei 12.351/2010, o fundo pretende
constituir fonte de recursos para o desenvolvimento social em diversas
áreas, como ciência, educação, saúde e cultura. Para isso, são
destinadas a ele as parcelas do bônus de assinatura destinada ao fundo
pelos contratos de partilha de produção; dos royalties que cabe à União;
da receita a partir da comercialização de petróleo, de gás natural e de
outros hidrocarbonetos fluidos da União; os resultados de aplicações
financeiras sobre suas disponibilidades e os recursos do fundo por
lei...
Fundo do pré-sal pretende constituir fonte de recursos para o
desenvolvimento em diversas áreas, como ciência, educação, saúde e
cultura. Foto: Petrobras/Divulgação.
Desde então, cerca de R$ 1,3 bilhão já foram arrecadados, de acordo com
a Agência Nacional do Petróleo (ANP). A partir da aprovação da lei
12.858, metade do dinheiro arrecadado a cada ano será destinada aos
projetos educacionais (75% do valor) e de saúde (25%). Porém, a
destinação depende da formalização de regras pelo Poder Executivo, que
ainda não foi feita.
Segundo o Ministério da Educação, a responsabilidade pela administração
do fundo é do Ministério da Fazenda. Procurado pelo iG, a Fazenda não
respondeu às perguntas sobre o andamento da regulamentação até o
fechamento dessa reportagem.
Sem interesse
“A gente não nota no Poder Executivo nenhuma preocupação em
regulamentar isso. Mesmo que regulamentasse, não há garantia de que esse
recurso vai para o Ministério da Educação, porque sempre pode haver
contingenciamento orçamentário para fazer superávit primário. O desafio
ainda é enorme”, afirma Paulo César Ribeiro Lima, consultor legislativo
da Câmara dos Deputados da área de recursos minerais, hídricos e
energéticos.
Lima falou a uma plateia de secretários municipais de educação no fim
de maio, sugerindo que eles continuassem pressionando o governo federal.
A vitória da educação, ele lembrou, ainda é parcial. “É preciso um
esforço enorme da sociedade para ver se arrecada mais e distribui melhor
essa riqueza. Isso não vai acontecer se não houver mobilização”, alerta
Lima.
Ao iG, ele ressaltou que a mobilização social precisa pressionar o
governo federal a regulamentar o fundo. Mesmo o valor dos royalties que
não entram na conta do fundo – os bônus recebidos dos contratos firmados
a partir de 3 de dezembro de 2012 – ainda não estão sendo usados por
falta de regras mais claras. Segundo a ANP, há 376 mil acumulados.
Pela lei, os recursos do fundo têm de ser aplicados em educação básica,
prioritariamente. Os estados e municípios que tiverem leis que garantam
a mesma destinação (75% para educação e 25% para saúde) federal para os
recursos do petróleo também terão prioridade para receber a verba.
Fonte: PRICILLA BORGES
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