Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Observações incompletas

#vamosmudarbrasilia
Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa -Sexta feira, porque a bola não rolou nos estádios da Copa do Mundo, foi dia de alinhar algumas observações preliminares sobre o certame. Outras virão quando tudo terminar, mas, por enquanto, é bom registrar:
Quem assistiu as magníficas transmissões pela televisão, quando as câmeras focalizavam as arquibancadas, terá tido a impressão de a copa estar sendo realizada na Suécia ou na Noruega. Só lourinhas e lourinhos, gente que parecia haver saído de salões de beleza, muito bem vestida e, pelo jeito, melhor alimentada. Não se apresentou um retrato do Brasil, já que só as elites parecem haver conseguido enfrentar os altíssimos preços das entradas. O povão ficou de fora, ficamos devendo ao mundo as imagens de trabalhadores, operários, negros, mulatos e brancos, mal vestidos mas com o mesmo ou maior direito ainda de participar. O futebol virou esporte da classe média alta para cima, com a participação da Fifa.  As seleções da Europa, com duas ou três exceções, foram mandadas para casa na fase inicial, demonstrando que a presunção e a arrogância estão expulsas de campo. Espanha, Itália, Inglaterra, Portugal e outros chegaram de nariz em pé, imaginando dar um passeio neste continente subdesenvolvido. Quebraram a cara. Dos nove sul americanos, oito estão nas oitavas de final.
O futebol, de um modo geral, andou para trás. Quase sem exceção, todo craque que recebe um passe tem primeiro que matar a bola para depois dar sequência à jogada, quando então já se vê assediado pelo adversário. Pouquíssimos passam a bola de primeira, deixando de dar às partidas o ritmo necessário ao futebol moderno.
Não há um time que, quando apertado, não passe a bola para trás. O que mais se vê são os zagueiros recebendo de companheiros da intermediária, trocando passes que apenas dão à equipe contrária tempo para articular-se e marcar.
Atrasar a bola para os próprios goleiros em vez de avançar também virou rotina, sem que se atente para o fato de que os infelizes obrigam-se a dar chutões para a frente, quase sempre na cabeça ou nos pés da equipe contrária.
Temos tudo para chegar à final: time, torcida e futebol. Mas se não chegarmos, podendo até cair nas partidas que se iniciam hoje, nem por isso o país será diferente. Trata-se apenas de uma competição esportiva.
Por último, uma cobrança: o governo não avançou um milímetro no sentido de apontar para que servirão, durante a semana, os luxuosos estádios construídos com preços superfaturados pelas empreiteiras. Por que não poderiam ser adaptados para funcionar como escolas e universidades, entregues à iniciativa privada de modo a ampliar de muito o número de vagas e de professores hoje desempregados? Um negócio bom para todas as partes, mas até agora olimpicamente desconhecido pelo poder público.

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