Repasso....sem comentários....
POR MIRIAM LEITÃO
Não há explicação boa para a presidente Dilma no caso Pasadena.
Se todo o seu marketing político foi feito com a ideia de que ela é boa
gerente, a explicação mostra um desempenho sofrível. Se ela foi enganada, já
houve muito tempo para apurar, entender e punir quem omitiu as informações
sobre o desastroso negócio. A revelação do prejuízo da empresa foi feita há dois
anos.
A prisão do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa reforça
ainda mais a suspeita sobre alguns dos negócios feitos pela empresa. O
incrível caso da refinaria Abreu e Lima, cujo preço saiu de US$ 2,5 bilhões
para US$ 20 bilhões, as denúncias de pagamentos de propina a funcionários na
Holanda, tudo mostra erros na primeira gestão da Petrobras sob o governo do
PT.
Dos escândalos da Petrobras, o maior prejuízo à empresa até
agora é a refinaria Abreu e Lima. Foi uma ideia do ex-presidente Lula, em setembro
de 2005, para agradar o então presidente venezuelano Hugo Chávez. Um dos
vários casos de ingerência política na petrolífera. A refinaria foi desenhada
para refinar o petróleo daquele país e isso não pode mais ser mudado. A
Venezuela pulou fora, não colocou um tostão. A Petrobras teve que assumir
tudo e o custo da refinaria deu um salto. Ficaria pronta em 2009, mas ainda
está em construção.
Em 2009, surgiram notícias de superfaturamento na obra que
começou a ser investigado pelo TCU. O BNDES anunciou em seu balanço que
emprestou R$ 10 bilhões para a construção da refinaria. Em fevereiro de 2011,
numa entrevista concedida para esta coluna, o então diretor Paulo Roberto
Costa, responsável pelo projeto, disse que quando se decidiu fazer a
refinaria sob medida para o petróleo venezuelano não havia ainda as
perspectivas do pré-sal. Na época, o preço estava calculado em US$ 13
bilhões. Já chegou a US$ 20 bilhões e a atual presidente da empresa, Graça
Foster, disse que o custo foi reduzido para US$ 18,5 bilhões.
Recentemente, o jornal "Valor Econômico" publicou a
notícia de que a holandesa SBM, que aluga plataformas, está sob investigação
pelas autoridades de Holanda, Inglaterra e Estados Unidos, por suspeitas de
pagamento de propina. Nas denúncias investigadas, a informação é de que pelo
menos US$ 139 milhões foram pagos a funcionários da Petrobras.
O caso da compra da refinaria de Pasadena é outro que continua
assombrando. E continua porque nunca foi explicado e nunca foi devidamente
investigado pelo governo. Os números falam por si, não precisa nem ser um bom
gerente para saber que não se paga US$ 360 milhões por metade de uma
refinaria que no ano anterior havia sido comprada integralmente por US$ 42
milhões pela empresa belga Astra.
Mas quem achou que a Petrobras estava fazendo um mau negócio
quando aceitou pagar isso por uma refinaria velha, ficou ainda mais perplexo
ao saber que o pior estava por vir. Ao entrar em conflito com o seu sócio, a
Petrobras teve que pagar mais US$ 860 milhões pela outra metade. Como já
escrevi aqui neste espaço no ano passado: ou os belgas são muito astutos, ou
alguém fez o papel de bobo na Petrobras ou os envolvidos são bem espertos.
Quando uma empresa do tamanho da Petrobras, com excelentes
quadros em todas as áreas, começa a fazer tanto negócio ruim, a melhor
resposta é investigar, explicar e punir.
O governo apostou na ideia de deixar tudo como está que o país
esqueceria. Só que, a cada novo escândalo, os contribuintes e os acionistas
que tanto dinheiro têm perdido na empresa ficam querendo ter, ao mínimo, boas
explicações.
A resposta da presidente Dilma à matéria do "Estadão"
— dizendo que, quando presidente do Conselho de Administração da empresa,
aprovou o negócio porque foi informada por um parecer falho, que omitia a
existência das cláusulas prejudiciais à Petrobras — tem dois defeitos.
Primeiro, a explicação não combina com a imagem de uma gerente eficiente.
Segundo, em 2012, todos souberam como o negócio era desastroso para a
Petrobras. E, se ela foi enganada, por que mesmo ninguém foi punido, não se
investigou, não se prestou contas à população e o diretor responsável pela
negociação apenas trocou de área? Há muitas explicações a dar ao distinto
público que não seja "eu não sabia".FONTE - RECEBI VIA EMAIL
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