Depois de dizer que seu governo não abrigará “velhas raposas” da política como o senador José Sarney (PMDB-AP) e Fernando Collor (PTB-AL), o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos estendeu a afirmação a toda a parcela do PMDB que hoje apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff. A conta, diz o pré-candidato do PSB à Presidência, considera a ala do partido hoje comandada por nomes como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o líder do partido na Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“Esse lado do PMDB (de Renan, Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha)
estará na oposição no meu governo. Pode estar certo disso”, disse
Campos, em entrevista ao programa Opinião, da TViG. “Esse PMDB está no
governo de Dilma. Não é possível que, depois de 30 anos de
redemocratização, a democracia brasileira fique de joelhos diante de uma
velha política que constrange todo dia o cidadão que paga impostos. O
PMDB que está conosco é o de Pedro Simon, de Jarbas Vasconcelos”,
emendou.Eduardo Campos foi entrevistado pelos jornalistas Tales Faria,
vice-presidente editorial do iG; Rodrigo de Almeida, diretor de
Jornalismo; Clarissa Oliveira, diretora da sucursal de Brasília; e Luís
Nassif, parceiro do iG e integrante da blogosfera iGlr, com o Jornal
GGN...
Na entrevista, Campos subiu o tom das críticas a Dilma. Colocou-se
claramente como um apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
mas reforçou que o mesmo não se aplica a sua sucessora. “Ao cabo do
segundo mandato do Lula, eu apoiei a sucessora que ele indicou. Ela não
deu certo. Ela frustrou o país e 75% do país quer mudança. Eu tive a
coragem de dizer que aqueles com quem eu sempre caminhei – coragem que
outros não têm – estão errados. E que não podemos entregar o país a mais
quatro anos desse erro”, afirmou o pré-candidato do PSB.
“Nossa posição é muito clara: de divergência da condução do país sob a
liderança da presidente Dilma. A presidente que nós ajudamos a eleger,
que tinha o compromisso de liderar o Brasil, que é exatamente a única
presidente no ciclo democrático que vai entregar o país pior do que
recebeu.”
Campos descreveu-se como um “socialista” e disse que, atualmente, falta
ao Brasil experimentar “o que é socialismo”. “É lutar por educação
integral de qualidade. Qual é a grande causa do socialismo hoje no
Brasil? É acabar com a escola do rico e a escola do pobre. No dia em que
você tiver uma escola pública de qualidade – e pode ter a privada de
qualidade também – você estará dando um grande passo em direção ao
socialismo.”
Divergências com Marina
Na entrevista, Campos empenhou-se em minimizar as divergências com sua
vice, a ex-senadora Marina Silva. Disse não ver problemas na existência
de uma “diversidade de pensamento” dentro de sua base de apoio e
ressaltou que as discordâncias também existiram em governos anteriores,
como os de Lula e Fernando Henrique Cardoso. “Nós formamos uma aliança
em torno de um projeto para o país. Se temos divergências, pode ser em
relação a alguns pontos. Mas temos uma grande unidade. E o Brasil
precisa da nossa unidade para se renovar”, afirmou.
Campos admitiu que tem posição diferente da de Marina, por exemplo, no
que se refere aos transgênicos e à participação da energia nuclear na
matriz energética do país. Mas afirmou que o Brasil, neste momento, deve
priorizar outras fontes de energia renováveis para assegurar o
abastecimento. “Eu acho que temos alternativas renováveis suficientes,
antes da energia nuclear, para ficarmos com a expressão que temos hoje”,
afirmou, prometendo apresentar já em 2015, se eleito, uma proposta de
matriz energética que contemple ainda energia hídrica, solar e eólica.
Questionado sobre as discordâncias em relação à projetos como a
transposição do Rio São Francisco, Campos investiu na tese de que o fato
de Marina ter autorizado o licenciamento ambiental da obra quando era
ministra do Meio Ambiente do governo Lula demonstra que ela considera a
obra importante, desde que preservados os cuidados com a preservação do
rio. “Foi exatamente Marina quem licenciou a transposição, como
ministra”, disse.
Política econômica
Campos prometeu preservar o tripé da política econômica, baseado no
regime de metas de inflação, câmbio flutuante e metas de superávit
primário. Ainda assim, destacou a necessidade de uma política capaz de
elevar a produtividade. “Nós precisamos do tripé, para ter as regras
claras para os agentes econômicos, mas precisamos de mais do que isso.
Precisamos de uma política articulada que leve a produtividade do Brasil
à frente, isso passa por infraestrutura, educação, inovação.”
Campos também defendeu a autonomia do Banco Central. Por outro lado,
cobrou um “comportamento fiscal” mais austero por parte do governo. “A
gente não pode ficar achando que só e unicamente o Banco Central vai dar
conta da inflação. Se o governo não tem um comportamento fiscal que
ajude a política monetária, se o governo não tem regras claras em
setores estratégicos para alavancar o investimento, se não faz seu dever
de casa em todas as outras áreas, ficar só o Banco Central como último
zagueiro, fica como está hoje, em que os juros do Brasil são os juros
mais caros do mundo.”
Fonte: Por CLARISSA OLIVEIRA - iG Brasília / portal Estação da NotíciaFONTE BLOGDOSOMBRA
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