do site contas abertas
Gabriela
Salcedo e Thais Betat
As promessas
feitas pelo ex-presidente Lula ao trazer a Copa para o Brasil foram
descumpridas: os investimentos não foram realizados só com recursos privados,
assim como os gastos para o mega evento não estão transparentes. O Portal de
Transparência da Copa (www.portaltransparencia.gov.br/copa2014) está
desatualizado e com informações divergentes entre si.
Isso pode
ser verificado em qualquer consulta sobre a execução de empreendimentos de
infraestrutura ou até mesmo dos estádios. Para esse último, por exemplo, apenas
três das 12 cidades-sede, Porto Alegre, Manaus e Cuiabá, apresentam dados de
2014. As outras cidades estão com as contas desatualizadas: os dados mais
recentes são de janeiro a outubro de 2013.
Quanto
aos portos, o cenário encontrado é similar. Para as obras de Salvador, foram
executados 48,5% do total previsto, isto é, R$ 19,7 milhões dos R$ 40,7 milhões
orçados para construção do terminal marítimo de passageiros, estacionamento e
urbanização da área portuária. Entretanto, esse dado não é confiável, pois é
originário do 3º Balanço das ações do Governo Brasileiro para a Copa, publicado
em abril de 2012. Então, a última informação prestada ao usuário comum está
dois anos atrasada.
Além
disso, os dados disponibilizados no portal não são claros. O caso é facilmente
percebido se analisadas as obras do Porto de Fortaleza. Para elas, o Portal
indica R$ 202,6 milhões de previsão de investimento. Na última prestação de
contas, em janeiro de 2013, informou-se que 20% havia sido concluído.
Contudo,
também é informado, para o mesmo empreendimento, que R$ 175,5 milhões foram
contratados (destinados à obra já em contrato) e R$ 227,2 milhões já
executados. Sendo assim, o valor executado é superior ao contratado, como
também ao previsto, o que faz o percentual demasiadamente superior aos 20%
indicados.
A
prestação de contas dos aeroportos no Portal sofre do mesmo mal. A de Brasília
e Natal possuem obras com a última atualização apenas de abril de 2012, quando
foi publicado o 3º Balanço da Copa. Mesmo se fossem utilizados dados do último
balanço publicado, o 5º Balanço, a informação ainda estaria desatualizada, pois
esse contém dados de setembro de 2013. As outras cidades-sede possuem dados
mais atuais, que variam de fevereiro a abril de 2014.
Dessa
forma, o decreto assinado em 2009 pelo à época presidente, no qual previa que o
Portal, sob a responsabilidade da Controladoria Geral da União (CGU), reuniria
todas as informações de orgãos e entidades que administraram recursos
destinados a Copa, não foi plenamente cumprido.
Apesar
das desatualizações, a CGU acredita que o Portal de Transparência vem cumprindo
a função de dar publicidade aos recursos federais aplicados na Copa, haja vista
a quantidade de visitantes diários que o site recebe: 955,9 mil em 2013 e 756,5
mil no primeiro semestre de 2014. Além disso, informou que o Portal representa
proatividade e ineditismo por parte do governo brasileiro, já que essa
iniciativa não ocorreu nos demais países que sediaram o Mundial.
Já o
Ministério do Esporte, que agrega os dados prestados pelas entidades executoras
das obras, diz que a transparência dos investimentos feitos para o mega evento
permite amplo acompanhamento do cidadão brasileiro. Para a Pasta, qualquer
cidadão que tenha acesso à internet, em qualquer lugar do mundo, pode fazer o
acompanhamento por meio do portal em questão.
Portal do
Congresso
No mesmo
período em que Lula assinou o decreto, em dezembro de 2009, o Congresso
Nacional também lançou um portal de transparência da Copa sob o seu regimento.
Esse sequer existe.
Idealizado
pela Rede de Fiscalização e Controle da Copa de 2014, das Comissões de
Fiscalização e Controle do Senado e da Câmara, o portal deveria estar hospedado
na página do Senado (www.senado.gov.br/fiscaliza2014) e permitir ao usuário
acompanhar a execução das obras, dos procedimentos licitatórios e dos serviços
contratados. Mas, ao tentar abrí-lo, o internauta se depara com uma mensagem de
serviço temporariamente indisponível.
A Câmara
dos Deputados e o Senado Federal não responderam os questionamentos do Contas
Abertas sobre o portal em referência até o fechamento da reportagem.
fonte - site contasabertas
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