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Se a Eletropaulo obtiver o reajuste tarifário de 16,69% que pediu, a inflação vai bater o teto da meta de 6,5%, segundo economistas consultados pelo 'Broadcast', serviço de notícias em tempo real da 'Agência Estado' - o aumento da distribuidora de energia paulista valerá a partir de sexta-feira, mas ainda precisa ser definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Pouco mais de um ano após a redução de 20% na conta de luz, uma das principais bandeiras políticas do governo Dilma Rousseff, a magnitude dos aumentos concedidos para as distribuidoras nos últimos meses surpreendeu até mesmo analistas que acompanham o tema de forma constante.
De acordo com o economista Étore Sanchez, da consultoria LCA, a alta nas tarifas da distribuidora paranaense Copel foi a causa da revisão das projeções da consultoria para o IPCA, o índice oficial de inflação. A empresa havia pedido um aumento de 32,4% em suas tarifas, mas a Aneel autorizou um índice ainda maior, de 35,05%. A previsão da LCA para a Copel era de 16%.
Depois disso, a projeção da LCA para a Eletropaulo, que era de um reajuste de 9%, também subiu, para 15%. Se esse índice for concedido, o IPCA deve atingir 6,5% no ano, o teto da meta estipulada pelo governo. "Não haverá mais espaço para a inflação até o fim do ano. Isso é um risco, porque os choques inflacionários são exógenos e imprevisíveis", disse Sanchez.
A Eletropaulo atende os consumidores de São Paulo, por isso sua tarifa tem um peso significativo na inflação. Segundo o economista-sênior do Espírito Santo Investment Bank (Besi Brasil), Flávio Serrano, cada 10% de aumento na tarifa da distribuidora tem um impacto de 0,09 ponto porcentual no IPCA.
"Se o reajuste da Eletropaulo for mais próximo do porcentual que a distribuidora pediu, de 16,69%, vamos ter de corrigir nossa projeção para o IPCA", disse Serrano. O Besi Brasil espera que a inflação encerre o ano em 6,4%, mas a projeção irá para 6,5% caso a solicitação da companhia seja integralmente aceita.
Política. A conta de luz também se tornou uma questão política neste ano. Depois do governo federal, os Estados também passaram a discutir o assunto, de olho no impacto que os aumentos podem ter em termos de votos nas eleições para governadores em outubro.
A mando do governador do Paraná, Beto Richa, a Copel pediu a suspensão do reajuste horas após o número ser divulgado. O governador se disse surpreso com o índice. O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, afirmou que a companhia pode aplicar um porcentual inferior, mas perderia direito a recomposição no futuro.
A ex-ministra da Casa Civil e atual senadora Gleisi Hoffmann (PT), principal adversária de Richa na disputa eleitoral, também entrou na discussão. "A responsabilidade pelo reajuste de 35,5% na conta de luz é do governador Beto Richa", disse, em nota. "É lamentável que o chefe do Executivo estadual tente manipular a boa-fé das pessoas."
Antes disso, a Cemig também transformou o assunto em polêmica. Após pedir reajuste de 29,74% e obter apenas 14,76%, a companhia veiculou propaganda em rádio e TV culpando a Aneel e o governo federal pelo reajuste. A empresa é controlada pelo governo de Minas Gerais, alinhado com o PSDB.
Para o ex-diretor da Aneel Edvaldo Santana, fazer uso político dos reajustes das tarifas é um erro que causa instabilidade no setor. "Toda vez que a política se mete no setor elétrico, temos problemas. Isso aconteceu nas décadas de 1970 e 1980. De uns tempos para cá, isso voltou a acontecer", afirmou. "Vamos ver se voltamos à normalidade, passadas as eleições." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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