Enquanto a ingerência política mergulha a Petrobras numa das maiores crises de sua História, o fundo de pensão dos funcionários da estatal, a Fundação Petros, vive dias turbulentos pelos mesmos motivos...
Fonte: Estação da Notícia -
Pela primeira vez em dez anos, as contas da entidade foram rejeitadas
por unanimidade por seu conselho fiscal. Nem mesmo os dois conselheiros
indicados pela Petrobras no colegiado de quatro cadeiras recomendaram a
aprovação das demonstrações financeiras de 2013, que apontaram um
déficit operacional de R$ 2,8 bilhões no principal plano de benefícios
dos funcionários da estatal e um rombo que pode chegar a R$ 500 milhões
com despesas de administração de planos de outras categorias. Mesmo
assim, as contas foram aprovadas no órgão superior da entidade, o
conselho deliberativo, abrindo uma crise interna no fundo.
Um grupo de conselheiros eleitos descontentes resolveu recorrer à
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), órgão
que fiscaliza fundos de pensão, para denunciar a direção da Petros,
controlada por sindicalistas ligados ao PT desde 2003. Os resultados dos
investimentos da fundação têm recebido pareceres contrários do conselho
fiscal há dez anos, mas apenas com o voto dos conselheiros eleitos
pelos funcionários. No entanto, as contas sempre foram aprovadas pelo
conselho deliberativo, órgão superior, no qual a Petrobras,
patrocinadora do fundo, indica o presidente, tendo direito a voto de
desempate. A estatal, no entanto, nem tem precisado usar esse recurso.
O conselho deliberativo tem seis integrantes, três eleitos pelos
funcionários e três indicados pela Petrobras. Um dos eleitos pelos
empregados, Paulo Cezar Chamadoiro Martin, passou a votar com os
conselheiros da Petrobras, aprovando decisões por maioria simples. Foi o
que aconteceu no último dia 31 de março, quando o conselho deliberativo
ignorou o parecer unânime do conselho fiscal e aprovou as contas da
Petros sem sequer mencioná-lo. Martin é dirigente da Federação Única dos
Petroleiros (FUP), entidade ligada à Central Única dos Trabalhadores
(CUT), braço sindical do PT. Sindicalistas ocupam cargos de confiança na
Petrobras, que tem obtido apoio da FUP na Petros.
Os conselheiros vencidos, um suplente e dois conselheiros fiscais
também eleitos pelos funcionários foram a Brasília entregar à Previc
duas denúncias e duas consultas pedindo maior rigor na fiscalização das
contas do fundo.
Nos documentos, obtidos pelo GLOBO, eles apontam que o principal motivo
da reprovação das contas da Petros pelo conselho fiscal foi o fato de a
maioria dos quase 40 planos de outras categorias que passaram a ser
geridos pela fundação durante o governo Lula ser deficitária: não geram
recursos suficientes para pagar os custos de administração. Esses custos
estão saindo do mesmo fundo de administração dos dois planos originais
da Petros, que terão de pagar a aposentadoria de 75 mil funcionários da
Petrobras e suas subsidiárias. O cálculo dos conselheiros, baseado em
dados que atribuem à própria Petros, é que, em cinco anos, os dois
planos perderam pelo menos R$ 200 milhões. Esse montante, alegam, pode
chegar a R$ 500 milhões, se for corrigido.
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