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Não
adianta anular voto e nem esbravejar contra a realidade nua e crua. Ela
é o que é. A direita não tem nome algum. Nem o centro político.
A possibilidade de alternância do poder, tirando o PT e adiando qualquer tirania, é precisamente o racha no PMDB.
Observar a cena política brasileira nesse ano eleitoral tem sido surpreendente. Ninguém, ao virar do Ano Novo, poderia afirmar com alguma chance de sucesso que poderia haver alternância de poder. Certo: tirar socialistas radicais e pôr no lugar os socialistas fabianos não parece grande coisa à primeira vista. Resta a pergunta: qual a alternativa? A direita não tem candidato, nem mesmo o centro, representado pelo PMDB, tem candidato. Mais uma eleição de triunfo total da esquerda se desenha.
Não
obstante, penso que a alternância será muito positiva. Primeiro, porque
será a garantia de que o processo democrático vai continuar, sem que a
tentação golpista do PT possa se consumar. Eu sempre me lembro que
Hitler, até 1933, era quase inofensivo. Depois que empolgou o poder
terminou em genocídio. O mesmo aconteceu nas experiências socialistas em
toda parte, a mesma que o PT que fazer por aqui, ao abrigo e na
liderança do Foro de São Paulo. Então não é possível descansar enquanto a
opção do puro e simples continuísmo for a maior possibilidade. Nenhum
brasileiro informado e responsável poderá querer tal coisa.
A
alternativa viável é Aécio Neves, um legítimo representante das
oligarquias regionais que, pragmaticamente, pratica discurso à esquerda.
Mas bem vimos as suas últimas declarações, muito corajosas, falando que
a realidade nacional poderá exigir medidas duras. Aécio, como membro da
elite tradicional, não quer ver o circo pegar fogo. Provavelmente faria
um governo a meio do caminho do que faria o seu avô e o que fez
Fernando Henrique Cardoso.
A
agenda contra-revolucionaria seria retardada um pouco se ele ganhasse.
Acho que Aécio daria prosseguimento a ela, ainda que em ritmo mais
lento. Mesmo que pessoalmente queira, não conseguiria segurar os
socialistas do PSDB e seus aliados na marcha da revolução. E não tem
como segurar o STF, que tomou o freio nos dentes e desandou a legislar.
Viveremos mais dez anos, pelo menos, de revolução fabiana com Aécio.
Rever o processo exige que o centro e a direita se unam para produzir um
candidato viável diante dos socialistas. Essa realidade precisará ser
construída.
Não
penso que chorar o leite derramado resolva alguma coisa. Não adianta
anular voto e nem esbravejar contra a realidade nua e crua. Ela é o que
é. A direita não tem nome algum. Nem o centro político. Penso ser do
interesse de todos os brasileiros a alternância agora, mesmo que entre
pares socialistas. O totalitarismo ameaçará a nação se houver
continuísmo.
A
possibilidade de alternância do poder, tirando o PT e adiando qualquer
tirania, é precisamente o racha no PMDB. No Rio de Janeiro, terceiro
maior colégio eleitoral, já foi consumado. Na Bahia, quarto maior
colégio, também. Minas Gerais tem o candidato da terra, que naturalmente
poderá ser o mais votado. Em Pernambuco igualmente, com Eduardo Campos
tirando votos do campo petista. Esses movimentos enfraqueceram para
valer a candidatura oficial. Nisso se funda o que estou aqui dizendo. O
eleitorado paulista, o maior colégio eleitoral, sempre deu seu voto
contra o PT, em maioria.
Pior
do que a queda de popularidade de Dilma Rousseff em todos os institutos
de pesquisa é o racha nas elites, para o PT. Vimos que o empresariado
está quase na oposição, porque oposição não pode ser. Mas é evidente que
rachou. O reflexo está nas decisões do PMDB, de não apoiar o PT em
colégios importantes. Fica cada dia mais evidente a desintegração das
instituições no Brasil. E também da economia, posto que os petistas, ao
contrário da gente do PSDB, aposta no desenvolvimentismo, não dando bola
para os perigos da inflação e lutando convictamente para engrandecer
ainda mais o Estado todo-poderoso. A economia brasileira está ficando
inviável e isso custará muito em termos de crescimento econômico e
desordem na atividade produtiva. A situação já está de difícil correção e
o empresariado acordou para o drama. O jeito é tirar o PT.
De qualquer modo, tudo indica enfraquecimento do PT diante do eleitorado. Essa é a maior notícia política dos últimos tempos.
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