Usinas
como as de Furnas e Itaipu têm gerado menos energia nas madrugadas, poupando os
reservatórios
Em mais um
sinal de agravamento nas condições de suprimento de energia, o Operador
Nacional de Energia Elétrica (ONS) tem solicitado a alguns geradores que
desliguem ou alterem o modo de operação de algumas turbinas de suas
hidrelétricas durante a madrugada para economizar água dos reservatórios. A
medida tem sido adotada em algumas usinas de Furnas, da Cemig e da AES Tietê,
além da hidrelétrica de Itaipu.
As
informações constam no documento “Diretrizes para a Operação Elétrica com
Horizonte Mensal – Abril de 2014″, disponível no site do ONS. No material, o
operador explica que o desligamento das turbinas faz parte de algumas ações
adotadas para recuperar o nível dos reservatórios do Sudeste, em razão do baixo
volume de água armazenado na região, sobretudo nas hidrelétricas localizadas na
bacia do Rio Grande.
Segundo o
documento, o operador tem pedido às empresas o “desligamento de várias máquinas
ou a operação como gerador sincronizado praticamente a vazio ou unidades
despachadas na modalidade como compensador síncrono”. As usinas que já adotam
essas medidas são: Marimbondo, Furnas, Luiz Carlos Barreto, Itumbiara,
Emborcação, Nova Ponte, Mascarenhas de Moraes e Água Vermelha, além de Itaipu –
no caso da hidrelétrica binacional, o corte de máquinas foi limitado a três das
20 unidades geradoras.
Operar no
modo síncrono também significa economizar água. Uma unidade geradora é composta
por um gerador e por uma turbina. Em uma situação normal, a turbina, “afogada”
pela água, gira pela força das correntezas do rio, movendo o gerador. Mas, no
modo síncrono, a água não chega ao local onde está a turbina, que fica inativa.
Nessa situação, o gerador passa a funcionar como um motor.
Nesse
modo, as unidades geradoras deixam de produzir energia ativa, que é a parte
elétrica da energia e é usada para ligar aparelhos, e produz somente energia
reativa, que gera o campo magnético necessário para a transmissão da energia
ativa.
Carga- Essas medidas têm sido tomadas
pelo operador durante a madrugada porque é o período de menor carga de energia.
O ex-diretor de geração da Cesp e sócio-fundador da consultoria Consili, Silvio
Areco, diz que a diminuição no consumo leva à redução na produção de energia
ativa, mas que o sistema de transmissão continua demandando energia reativa.
“Ter geradores síncronos operando de madrugada é algo relativamente
corriqueiro”, afirmou.
Segundo
Areco, chama a atenção o fato de o operador ter pedido que as medidas fossem
adotadas pela hidrelétrica Furnas, que tem o maior reservatório da bacia do Rio
Grande. Ao diminuir a geração total de energia dessa usina para poupar água, as
demais hidrelétricas a jusante – o lado para onde o rio corre – precisam ter
parte das turbinas desligadas para compatibilizar a produção de energia com o
fluxo de água liberado.
Na
avaliação do executivo, essa situação mostra que o operador e o governo federal
estão usando todos os recursos técnicos disponíveis para evitar ao máximo o
racionamento de energia. “O operador está esticando ao máximo a disponibilidade
de água na esperança da chegada das chuvas”, disse. No domingo, os
reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, o mais importante do país, operavam com
36,77% da capacidade.
Além
dessas medidas relacionadas às hidrelétricas, o operador tem desligado, das 1h
às 8h de segunda-feira a sábado e das 1h às 17h de domingo, a linha de
transmissão Rio das Éguas – Bom Jesus da Lapa II para ampliar o intercâmbio de
energia entre as regiões. Isso aumentou a importação pelo Sudeste em 400 MW
médios por meio da Interligação Norte-Sudeste.
Fonte: O
Estado de S. Paulo
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