EDITORIAL - CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE -
Amazonas, Ceará,
Pernambuco, Bahia. Em portos desses estados, salta aos olhos a
vulnerabilidade de crianças e adolescentes, sujeitos a todo tipo de
exploração. O legado da Copa do Mundo para esses menores chegou
antecipadamente, por vias transversas, na forma de piora da qualidade de
vida, como a confirmar a máxima de que notícia ruim anda mais rápido. É
que, longe de trazer cidadania, obras de revitalização e evolução
econômica em áreas portuárias (mas não apenas) têm expulsado e
desagregado famílias, agravando o problema.
Essa realidade foi exposta ao longo da última semana na série de reportagens "Cais do abandono", publicada pelo Correio Braziliense. Para cidadãos colocados no caminho do "progresso", restou mais marginalidade. É o caso, por exemplo, do VLT que cruza 20 bairros de Fortaleza. Num deles, ironicamente conhecido como Alto da Paz, máquinas da prefeitura apareceram antes do transporte moderno, demolindo barracos que abrigavam 400 famílias. Para a comunidade, a data entrou para a história como Dia do Desespero.
Pessoas postas à margem da sociedade e que, de repente, ficam até sem os barracos e os vizinhos (não raro, parentes separados à força), se veem num quadro de fragilidade ainda maior. Algumas delas tiveram o lar derrubado para que se construísse uma praça. Outras, paradoxalmente, terminaram ao relento para que os terrenos em que viviam abrissem espaço a promessas de conjuntos habitacionais, com o suposto direito a casas, serviços públicos e regularização fundiária, enquanto enfrentam mais desamparo. Faltam inclusive canais de comunicação, informações precisas, espécie de garantia, nem que seja para o futuro.
Primeiro, o Estado falha ao não assegurar direitos fundamentais aos cidadãos. Depois, omite-se perante a força do poder econômico e os interesses do mercado imobiliário. Em seguida, terá de buscar soluções para problemas mais graves, como a exploração do trabalho infantojuvenil, o abuso sexual de menores, o envolvimento de crianças e adolescentes com o consumo e o tráfico de drogas, a explosão da já intolerável violência. As autoridades precisam abrir os olhos para as consequências dos próprios atos. Não bastam as propagandas federais em que craques do futebol advertem contra esses crimes.
É inaceitável que o poder público, em nome de hipotético desenvolvimento, produza mais miséria. É inconcebível que o tal padrão Fifa sirva para definir a qualidade das obras diretamente ligadas à realização da Copa do Mundo no Brasil, sem enquadrar a questão humana no mesmo gabarito. Esse legado, o país - ciente de que o principal patrimônio de uma nação, qualquer nação, é o seu povo - há de rejeitar, com a consciência, também, que não se trata de casos isolados. A situação foi flagrada em quatro estados, num trabalho que levou 12 dias e traçou um percurso de 8 mil quilômetros.
Essa realidade foi exposta ao longo da última semana na série de reportagens "Cais do abandono", publicada pelo Correio Braziliense. Para cidadãos colocados no caminho do "progresso", restou mais marginalidade. É o caso, por exemplo, do VLT que cruza 20 bairros de Fortaleza. Num deles, ironicamente conhecido como Alto da Paz, máquinas da prefeitura apareceram antes do transporte moderno, demolindo barracos que abrigavam 400 famílias. Para a comunidade, a data entrou para a história como Dia do Desespero.
Pessoas postas à margem da sociedade e que, de repente, ficam até sem os barracos e os vizinhos (não raro, parentes separados à força), se veem num quadro de fragilidade ainda maior. Algumas delas tiveram o lar derrubado para que se construísse uma praça. Outras, paradoxalmente, terminaram ao relento para que os terrenos em que viviam abrissem espaço a promessas de conjuntos habitacionais, com o suposto direito a casas, serviços públicos e regularização fundiária, enquanto enfrentam mais desamparo. Faltam inclusive canais de comunicação, informações precisas, espécie de garantia, nem que seja para o futuro.
Primeiro, o Estado falha ao não assegurar direitos fundamentais aos cidadãos. Depois, omite-se perante a força do poder econômico e os interesses do mercado imobiliário. Em seguida, terá de buscar soluções para problemas mais graves, como a exploração do trabalho infantojuvenil, o abuso sexual de menores, o envolvimento de crianças e adolescentes com o consumo e o tráfico de drogas, a explosão da já intolerável violência. As autoridades precisam abrir os olhos para as consequências dos próprios atos. Não bastam as propagandas federais em que craques do futebol advertem contra esses crimes.
É inaceitável que o poder público, em nome de hipotético desenvolvimento, produza mais miséria. É inconcebível que o tal padrão Fifa sirva para definir a qualidade das obras diretamente ligadas à realização da Copa do Mundo no Brasil, sem enquadrar a questão humana no mesmo gabarito. Esse legado, o país - ciente de que o principal patrimônio de uma nação, qualquer nação, é o seu povo - há de rejeitar, com a consciência, também, que não se trata de casos isolados. A situação foi flagrada em quatro estados, num trabalho que levou 12 dias e traçou um percurso de 8 mil quilômetros.
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