Por Carlos Graieb, na VEJA.com:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
parece ser adepto da máxima “uma mentira repetida mil vezes torna-se
verdade”. Em entrevista indecorosa à TV portuguesa RTP, publicada neste
domingo no site da emissora, Lula — a quem caberia defender no exterior
as instituições brasileiras, fosse ele estadista e não chefe de partido —
desqualificou o trabalho do Supremo Tribunal Federal e afirmou que as
condenações do julgamento do mensalão foram, em sua maioria, políticas e
não jurídicas.
“O que eu
acho é que não houve mensalão. Eu também não vou ficar discutindo a
decisão da Suprema Corte. Eu só acho que essa história vai ser
recontada. É apenas uma questão de tempo, e essa história vai ser
recontada para saber o que aconteceu na verdade”, afirmou o
ex-presidente. “O tempo vai se encarregar de provar que no mensalão você
teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica.”
Àquilo que
Lula “acha” se contrapõem as provas das 5 000 páginas dos autos do
mensalão. São documentos, perícias e testemunhos que demonstram que em
seu governo instituiu-se um grande esquema de compra de apoio
parlamentar. Num tribunal formado majoritariamente por ministros
indicados pelo próprio Lula e por sua sucessora, Dilma Rousseff, as
evidências foram tidas como suficientes para mandar para a cadeia
algumas figuras centrais de seu partido — mesmo depois de esgotadas
todas as instâncias de recurso previstas pela legislação.
O
ex-presidente, aliás, tratou de se dissociar, de maneira desleal, dos
mensaleiros que o ajudaram a fundar o Partido dos Trabalhadores, nos
anos 1980, e a conquistar o mais alto posto da República, em 2002. Ele
afirmou que embora haja “companheiros do PT presos, não se trata de
gente da sua confiança”.
Um desses
companheiros é José Dirceu, que chefiou a primeira campanha eleitoral de
Lula e depois, no primeiro ano de seu mandato, exerceu o cargo de
ministro-chefe da Casa Civil. Dirceu foi condenado a 7 anos e 11 meses
de prisão e passa seus dias atualmente no presídio da Papuda, em
Brasília.
Outro
companheiro é José Genoíno, igualmente fundador do PT. Ele ocupou a
presidência do partido entre 2002 e 2005 — a era do mensalão, e um
momento em que Lula exercia hegemonia absoluta sobre as engrenagens do
PT.
0 comments:
Postar um comentário