(Da série “Poesia numa hora destas?!”)
Esta sacada para o Gran Canal
esta Lua de cartão-postal
(depois de um pôr de sol do Tiepolo)
este salão descomunal
e um mordomo chamado Manolo...
As lagostas do jantar
os filés, o manjar
o cheque sob o “rechaud”
as frutas do meu pomar
e os vinhos do meu “chateau”...
Um final de fantasia
pavê e ambrosia
junto com um grande “apfelstrudel”.
E ao fundo (covardia)
Miles Davis no “flugel”...
Na cama em forma de nau
ela não pode conter um “uau”
de sacudir o palazzo inteiro.
Não sei se foi meu “know-how”
ou a joia no travesseiro.
Pois o chocolate suíço
os pavões e o serviço
o Rolls-Royce e este show...
Será que ela liga pra isso
ou me ama pelo que eu sou?
O IMITADOR
“João, imita cachorro”
dizia a cruel Maria
dando o pé pra ser lambido.
“Agora imita cavalo”
e virava no outro sentido.
“João, imita tapete”
dizia a cruel Maria
quando o queria rasteiro.
Ou “imita caixa automática”
quando queria dinheiro.
E um dia a cruel Maria
disse “João, imita gente”
e disse o João “imito quem?”
“Sei lá, qualquer pessoa,
você vai pensar em alguém”
E João, o imitador,
imitou Jack, o Extirpador.
OBSERVAÇÃO ANTROPOLÓGICA
Se agarram, rolam pelo chão, abraçados, e se beijam com fervor...
Ou foi gol, ou é amor.
O SEDUTOR MÉDIO
Vamos juntar
nossas rendas e
expectativas de vida
querida,
o que me dizes?
Ter 2,3 filhos
e ser meio felizes?
O SEDUTOR INTELECTUAL
Eu diria algo brilhante sobre soutiens com enchimento
Mas não é o momento, não é o momento...
Te contei que minha miopia regrediu?
Desculpe, é nervosismo, viu?
Não vá, espere, não desista de mim
eu nunca desisti, não me deixe assim.
Daqui a pouco, garanto, um outro se ergue,
eu sou só a ponta de um iceberg.
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