RIO DE JANEIRO - Na eleição de 2006, Lula jogou Alckmin às cordas ao alarmar para o "risco tucano", sugerindo que o atual governador de São Paulo privatizaria empresas como a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, caso fosse eleito. Faltando um ano para a disputa de 2014, o debate, agora com outros contornos e inflamado pelo primeiro leilão do pré-sal, volta à baila. E, de novo, o fundo ideológico nas discussões começa a suplantar qualquer reflexão mais prática.
Na terça-feira, no Rio, o ministro Moreira Franco (Aviação Civil) taxou de "sacrifício para o país" a exigência de participação de 49% da Infraero nos consórcios administradores dos aeroportos, já que a conta fatalmente recairá sobre o Tesouro. Em menos de 24 horas, a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) tratou de deixar claro que o modelo fica como está.
O ministro ensaiou um "não foi bem isso o que eu disse". Sua declaração, ponderou, foi meramente "acadêmica". E não, o governo não pretende alterar a participação da Infraero nos consórcios já existentes (Guarulhos, Viracopos e Brasília) e nos futuros (Galeão e Confins), garantiu.
A declaração de Moreira Franco deve ter incomodado algumas cabeças em Brasília. Mas quem acompanha o tema sabe que, ao nominar o "sacrifício", o ministro não disse nada além do óbvio sobre a estatal, cujo caixa combalido e as precárias condições de sustentabilidade, historicamente conhecidos, só pioraram com os leilões, que, no fim das contas, tiram fonte de receita da empresa. O futuro da Infraero parece um tanto nebuloso, assim como a discussão sobre os aeroportos, faltando menos de um mês para o próximo leilão.
Enquanto isso, o tempo corre. Recentemente, em outro desabafo, Moreira Franco reconheceu que, em virtude dos atrasos no calendário, o período de transição da administração pública para a privada no Galeão e em Confins se dará... em plena Copa!
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