Lula diz estar de volta e anuncia a “desgraça de alguns”. Ele também ataca a imprensa e promete dizer algumas verdades sobre o mensalão… Deve saber o que fala… Afinal, foi seu principal beneficiário
Lula, o bravateiro, está de volta, naquele seu estilo “faço,
aconteço, cuidado comigo!” Há quem goste? Há, sim. Muita gente! A imprensa
que ele hoje detesta ajudou a criar o mito. A culpada não é essa geração que
está aí, boa parte já, como direi?, nascida petista, sem poder “oPTtar”. Refiro-me à
de eras priscas. Ele parecia trazer, assim, aquela suposta verdade natural do
povo, caída da árvore da vida. E acabou, com o seu partido, por se tornar o
maior beneficiário de todas as mazelas da política brasileira. A propósito: o
trocadilho gráfico não é meu. É do PT dos anos 1980. Criou-se, então, uma
camiseta que trazia a palavra “oPTtei”,
assim, com a sigla em destaque. Era como aderir a uma religião. Era como se
um alopata se tornasse homeopata. Era como se um carnívoro se tornasse macrobioto
(não errei, não; é “macrobioto” mesmo!). Era como atravessar o umbral da
iluminação. Daquele pântano, nasceu essa flor.
O ex-presidente concedeu uma entrevista a jornalistas vinculados
a jornais sindicais. E fez um advertência: “Para felicidade de
alguns; para desgraça de outros, é o seguinte: eu estou no jogo”. DESGRAÇA? Então um
ex-presidente da República, que ocupou por oito anos o cargo mais importante
do país; que segue sendo o chefe máximo de uma dos maiores partidos; que tem
um poder descomunal em razão da influência que exerce nos sindicatos (e estes
nos fundos de pensão); que transita com desenvoltura entre os grandes
empresários do país de qualquer setor; que segue sendo o xodó de áreas
importantes do setor financeiro; então, depois de tudo o que destino e
circunstâncias lhe deram, este senhor tem o desplante de dizer que está
voltando “para a desgraça de outros”? De quem? A vida de quais pessoas este
senhor pretende “desgraçar”?
Tenho cá algumas hipóteses. É bom que se tenha claro, sem meios
tons: essas palavras de Lula são sempre uma espécie de senha para o vale-tudo
a que seu partido se dedica em campanhas eleitorais. Os que decidirem
enfrentar o PT em 2014 têm de ter claro: vão ter de se confrontar com o
anunciador de “desgraças”. A máquina de difamação, financiada com milhões
saídos dos cofres públicos, a esta altura, já se prepara para o trabalho de
difamação, para a feitura de dossiês, para a organização de correntes sujas
na rede, para a mobilização do sindicalismo barra-pesada contra governantes
de oposição. É o que quer dizer o anúncio da desgraça. E, não é menos
evidente, também quer ser o bicho-papão. Está a dizer o seguinte: “Se o
negócio não der certo com Dilma, então é comigo; estou no jogo”.
O chefão do PT voltou a atacar a imprensa: “Muita coisa evoluiu
no Brasil, mas os meios de comunicação não quiseram evoluir. Saíram de um
momento de pensamento único em defesa do governo anterior ao nosso e passaram
a um pensamento único contrário. Até hoje continua assim”. São várias tolices
combinadas. A Internet permite o acesso à imprensa daquele período. O acervo
de VEJA, por exemplo, está à disposição. Se algo se pode dizer do jornalismo
nos oito anos do governo FHC, o juízo é o oposto: foi duro até demais. Aliás,
os petistas jamais reclamaram da imprensa quando na oposição porque sabiam
que estavam entre seus principais pauteiros. Chegando ao poder, Lula queria
os jornalistas como “companheiros”. Uma penca decidiu se ajoelhar, mediante
pagamento. Outro tanto aderiu por convicção mesmo. E sobraram, felizmente, os
que continuaram jornalistas, não fazendo nem uma coisa nem outra. É com esse
grupo que ele não se conforma. Para combatê-lo, o governo petista recorre aos
cofres públicos e das estatais e financia uma rede verdadeiramente criminosa
na Internet. Práticas assim só existem hoje em países como Venezuela,
Bolívia, Equador, Nicarágua…
Mensalão
Mais uma vez, o bravateiro promete dizer algumas “verdades” sobre o mensalão. É mesmo? Até agora, ele só fez o contrário. Diz que está com a “garganta coçando”, mas, antes, quer esperar o fim do julgamento. Não é a primeira vez que ele promete por os pingos nos “is”. Falou a mesma coisa no fim do seu segundo mandato. Não tinha nada a dizer. Quem sabe agora, não? Segundo este judicioso cavalheiro, há ministros no STF que demonstram conhecer o processo; outros, entende-se, não sabem de nada. Deixem-me ver de adivinho: Lula deve colocar entre os bons ministros Dias Toffoli, seu ex-subordinado, e Ricardo Lewandowski, o filho da amiga de dona Marisa… Já, suspeito, Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa ou Marco Aurélio Mello, para citar alguns, devem estar entre os que não sabem de nada, né?
Mais uma vez, o bravateiro promete dizer algumas “verdades” sobre o mensalão. É mesmo? Até agora, ele só fez o contrário. Diz que está com a “garganta coçando”, mas, antes, quer esperar o fim do julgamento. Não é a primeira vez que ele promete por os pingos nos “is”. Falou a mesma coisa no fim do seu segundo mandato. Não tinha nada a dizer. Quem sabe agora, não? Segundo este judicioso cavalheiro, há ministros no STF que demonstram conhecer o processo; outros, entende-se, não sabem de nada. Deixem-me ver de adivinho: Lula deve colocar entre os bons ministros Dias Toffoli, seu ex-subordinado, e Ricardo Lewandowski, o filho da amiga de dona Marisa… Já, suspeito, Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa ou Marco Aurélio Mello, para citar alguns, devem estar entre os que não sabem de nada, né?
O PT já se apresentou como a esperança vencendo o medo. Agora
Lula quer deixar todo mundo com medo para ver se derrota previamente a
esperança de muitos milhões.
Por Reinaldo Azevedo
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